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BC faz novo leilão de dólares, mas moeda americana volta a subir e chega aos R$ 6,30

Leilão desta quinta-feira, 19, foi o oitavo realizado este mês; no total, já foram injetados US$ 15,7 bilhões no mercado pelo Banco Central

19 dez 2024 - 09h56
(atualizado às 10h43)
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Moeda americana vem atingindo patamares recordes
Moeda americana vem atingindo patamares recordes
Foto: Epitacio Pessoa/Estadão / Estadão

O Banco Central injetou na manhã desta quinta-feira, 19, mais US$ 3 bilhões no mercado por meio de um leilão à vista, em uma nova tentativa de conter a alta da moeda americana. E, mais uma vez, o movimento teve efeito limitado. A cotação até abriu o dia em queda em relação ao recorde do fechamento de ontem (R$ 6,2657). Mas depois do leilão voltou a subir e ultrapassou esse patamar. Às 10h10, chegou a bater R$ 6,30.

Entre a última quinta-feira, 12, e a terça-feira, 16, o BC já havia injetado US$ 12,760 bilhões no mercado, em sete leilões à vista ou com compromisso de recompra (leilão de linha), na maior intervenção em um único mês desde março de 2020.

Com o oitavo leilão, realizado nesta quinta-feira, o tamanho da intervenção do BC no câmbio, em um contexto de desconfiança do mercado em relação ao controle de gastos do governo, somada à influência de fatores externos e sazonais, já chega a US$ 15,7 bilhões.

Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a disparada da cotação da moeda americana, e disse que o câmbio é flutuante e que deve se acomodar à frente. Segundo o ministro, as previsões de grandes instituições financeiras para a inflação indicam uma melhora do cenário. "A previsão de inflação para o ano que vem, a previsão de câmbio para o ano que vem, até aqui, nas conversas com as grandes instituições, são melhores do que as que os especuladores estão fazendo", disse.

Indagado sobre a possibilidade de o Brasil estar sofrendo com uma especulação contra o real, o ministro afirmou que o ideal é "olhar os fundamentos". Segundo ele, movimentos especulativos são coibidos com intervenções do Banco Central e do Tesouro Nacional, ele destacou, citando os leilões de recompra de títulos anunciados pelo Tesouro.

Para analistas, no entanto, a grande questão que precisa ser pelo menos endereçada é a fiscal. Segundo Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, em artigo para o Estadão, para que o dólar retorne a níveis mais baixos, é importante que os investidores percebam que a trajetória fiscal brasileira é sustentável. "Não significa que a dívida deve parar de subir amanhã, mas é essencial que sejam adotadas medidas que deem a clareza de que a dívida não vai crescer indefinidamente."

Segundo ele, tem ficado cada vez mais evidente que a política monetária brasileira não está funcionando em seu modo habitual. "Geralmente, uma alta de juros atrai capital externo e faz o dólar cair, puxando para baixo o preço dos produtos importados, com impacto na inflação."

Mas essa dinâmica, agora, não tem funcionado, diz. "Num contexto de dívida elevada, a alta de juros faz aumentar rapidamente o déficit público nominal, piora a trajetória da dívida, gera aversão ao risco e pressiona o dólar."

A avaliação do economista é que ainda é muito cedo para dizer em que patamar o dólar vai se estabilizar. "Mas, se o câmbio seguir nos níveis atuais, continuaremos assistindo a uma escalada da inflação e a um Banco Central pressionado a manter os juros elevados por mais tempo. O melhor caminho possível para reverter esse cenário está na política fiscal, idealmente por meio de corte de gastos. O pacote de contenção de despesas vai na direção certa, mas medidas adicionais precisam ser implementadas."

Estadão
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