BC: impacto do dólar na inflação é menor do que há dez anos
Segundo diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, houve “aprendizado” dos agentes econômicos sobre como o câmbio flutuante funciona
A intensidade do repasse da variação do dólar para a inflação é bem menor do que há dez anos, na avaliação do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo.
Segundo o diretor, houve “aprendizado” dos agentes econômicos sobre como o câmbio flutuante funciona. “A taxa de câmbio pode ir para um lado mas também para outro”, disse.
Para o diretor, a intensidade do repasse depende do “tamanho da variação do câmbio”. Segundo ele, “o quão permanente essa variação é percebida pelos agentes e também da posição cíclica da economia [se está em retração, crescimento ou estagnação]”. Ou seja, com a economia atualmente em ritmo baixo de crescimento, o repasse da alta do dólar para os preços tende a ser menor. O BC espera que a economia cresça 0,7%, este ano.
Para fazer as projeções para a inflação, o BC usou em seu cenário de referência a taxa de câmbio em R$ 2,25. Mas o dólar tem superado R$ 2,40. Hoje, a cotação do dólar chegou a R$ 2,47, pela manhã. A data de corte escolhida pelo BC para fazer as projeções foi 5 deste mês.
Segundo o diretor, no futuro, com novas informações, as projeções do BC podem ser revistas. O próximo Relatório de Inflação, com as estimativas para inflação e para a economia, será divulgado em dezembro.
O diretor disse ainda que o programa de venda de dólares no mercado futuro seguirá até dezembro deste ano. No último dia 23 à noite, depois que o dólar ultrapassou a barreira de R$ 2,40, o BC anunciou o aumento da rolagem (renovação) de contratos de swap cambial, que equivalem à venda da moeda no mercado futuro. O BC decidiu ofertar 15 mil contratos (US$ 750 milhões), em vez de 6 mil contratos, por dia, como vinha fazendo. Além da rolagem, o BC manteve o programa de venda diária de 4 mil contratos.
“Não temos nenhum compromisso com patamares para taxa de câmbio”, disse o diretor. “Não fazemos projeção para taxa de câmbio. Não teria nada a acrescentar a esse respeito. Não esperamos nem que suba, nem que desça nem que fique parado”, enfatizou.
Araújo acrescentou que o programa de venda de dólares no mercado futuro tem oferecido proteção cambial para as empresas. Ele disse que o programa “tem funcionado bem, dado os resultados esperados, tem ajudado os mercados a se ajustarem ao cenário [de redução da injeção de dólares no mercado global pelos Estados Unidos]”.