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BC optou por não dar indicação futura para os juros, mas insiste na busca pela meta de inflação, mostra ata

Na última quarta-feira, o Copom decidiu elevar a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano

24 set 2024 - 08h20
(atualizado às 08h47)
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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central optou por não dar indicação futura sobre os próximos passos para os juros básicos no país diante de incertezas no cenário, mas insiste em seu firme compromisso com a meta de inflação, mostrou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

No documento, o BC também informou que sua decisão de retomar o ciclo de alta na Selic se baseou em três pontos de análise: um cenário que demanda política monetária mais contracionista, uma percepção de que o início do ajuste deveria ser gradual e uma discussão sobre ritmo, magnitude do ciclo e sua comunicação.

"Em virtude das incertezas envolvidas, o Comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta", disse o BC no documento divulgado nesta terça-feira.

A meta central estabelecida para a inflação no país é de 3% neste e nos próximos anos, mas as expectativas do mercado para os preços à frente seguem persistentemente acima desse alvo, o que foi apontado pelo BC como uma preocupação comum de toda a diretoria.

"A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê. A reancoragem das expectativas é um elemento essencial para assegurar a convergência da inflação para a meta ao menor custo possível em termos de atividade", afirmou a ata.

Na última quarta-feira, o Copom decidiu elevar a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria, passando a ver um cenário com risco mais elevado de alta da inflação à frente e sugerindo também um possível superaquecimento da economia brasileira.

Na ata, o BC explicou "que o início do ciclo deveria ser gradual" --ponto defendido por todos os diretores-- de forma a "se beneficiar" do acompanhamento diligente dos dados em meio a um contexto de incertezas nos cenários externo e doméstico.

Por outro lado, segundo a autarquia, a decisão permite "que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar".

A ata reforçou a avaliação do encontro do Copom da semana passada de que o balanço de riscos para a inflação à frente deixou de estar equilibrado e passou a ser assimétrico, com maior peso dos riscos de alta de preços.

"Comitê avalia que o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma trajetória de taxa de juros mais elevada", disse.

Segundo o BC, dados sugerem uma deterioração da composição da inflação, ainda que o número agregado não tenha divergido significativamente do que era esperado, citando uma interrupção no processo desinflacionário no período mais recente.

Ao citar que a taxa de câmbio apresentou volatilidade no período recente, refletindo diversas alterações no cenário doméstico e internacional, a ata reforçou que não há relação mecânica entre a taxa de câmbio e a determinação doméstica dos juros básicos.

"Um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na condução da política monetária doméstica", afirmou.

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