BC projeta queda de 0,5% do PIB e inflação de 7,9% em 2015
Dados constam no relatório trimestral divulgado nesta quinta-feira
O Banco Central projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai cair 0,5% neste ano, após retração estimada de 0,1% em 2014, vendo chance de 90% de estouro da meta de inflação em 2015, numa piora generalizada das estimativas diante de um cenário de atividade fraca e preços em alta, mesmo com o aperto dos juros em curso.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, a alta do IPCA atingirá 7,9% neste ano segundo o cenário de referência, ante previsão anterior de 6,1%. Em 2016, o IPCA subirá 4,9%, ante estimativa anterior de 5%.
A meta de inflação é de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos. O indicador alcançou em fevereiro 7,7% em 12 meses, maior nível em quase uma década.
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Ao piorar drasticamente a previsão de inflação para este ano, o BC avaliou ainda que os esforços para controlar os preços não tem sido suficientes. "Para o Comitê, contudo, os avanços alcançados no combate à inflação - a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo – ainda não se mostram suficientes."
O BC iniciou em outubro passado um novo ciclo de aperto monetário e elevou a Selic em março em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano. Diante da pressão dos reajustes de preços administrados e da valorização do dólar, o BC já não vê mais a inflação iniciando trajetória de queda em 2015, avaliando que os preços deverão continuar elevados este ano.
Com a inflação alta e apesar do cambaleante ritmo da atividade, especialistas consultados em pesquisa Focus do próprio BC veem que o aperto monetário ainda não terminou e projetam a taxa básica de juros a 13% no final do ano.
No cenário de referência do relatório de inflação, o BC considerou o dólar constante a R$ 3,15 e a taxa Selic no patamar de 12,75%. Ainda no cenário de referência, a probabilidade estimada pelo BC de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância da meta se situa em torno de 90% em 2015 e de 12% em 2016.
Em termos de atividade, a retração de 0,5% projetada para a economia este ano foi calculada considerando retração de 6% na formação bruta de capital fixo (FBCF), uma medida de investimento, e de 2,3% na indústria. Considerou, por outro lado, expansão de 0,1 para o setor serviços e de 1% para a agropecuária.
Para o consumo das famílias e do governo, o BC indica alta de 0,2% e de 0,3% este ano, respectivamente.