BC reduzirá Selic enquanto houver espaço, mas não há alvo predefinido, diz diretor
O diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Maurício Moura, afirmou nesta segunda-feira que a instituição continuará a reduzir a taxa básica Selic, atualmente em 12,75% ao ano, enquanto achar que há espaço e reforçou que a sinalização mais recente é de corte de 0,50 ponto percentual nos próximos encontros de política monetária.
"O Copom (Comitê de Política Monetária) vai seguir reduzindo a Selic enquanto achar que há espaço. Não há alvo predefinido para a Selic", afirmou Moura, durante transmissão ao vivo promovida pelo BC.
No mercado financeiro, uma das principais dúvidas atualmente é sobre qual será a Selic no término do atual ciclo da política monetária. Desde que começou a reduzir os juros, em agosto, o BC já promoveu dois cortes de 0,5 ponto percentual na taxa.
Segundo Moura, as decisões sobre a taxa básica levarão em conta fatores como a inflação corrente, as expectativas de inflação, a atividade econômica e o balanço de risco do BC.
O diretor lembrou ainda que a decisão sobre a Selic é tomada por nove dirigentes da autarquia --o presidente Roberto Campos Neto e oito diretores.
"A sinalização do Copom na última reunião é que o ritmo de redução de meio ponto percentual foi unanimidade", pontuou Moura, ao tratar da possibilidade de o ritmo de cortes ser alterado.
"Votei na última reunião por 0,50 ponto percentual da Selic. Qualquer mudança em minha opinião pessoal, se for o caso, só viria com base na análise do amplo conjunto de dados", acrescentou.
De acordo com o diretor, como as decisões do Copom são "muito técnicas". Mesmo se ele quisesse dar uma sinalização sobre a Selic, isso não seria possível por não ter "todos os elementos" hoje.
Moura lembrou ainda que o Brasil foi um dos primeiros países a elevarem a Selic para combater a inflação e que, agora, o BC já tem a confiança necessária para dar continuidade ao ciclo de redução de juros.
CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO
Questionado sobre o conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio, que desde a semana passada vem influenciando os preços dos ativos em todo o mundo, Moura afirmou que ele traz "implicações econômicas", sendo que a mais óbvia ocorre no preço do petróleo.
"Mas o conflito no Oriente Médio está na fase inicial", ponderou o diretor. "A incerteza afeta todos os países."
Ao tratar do dólar, o diretor reiterou a visão do BC de que o regime de câmbio flutuante funciona como um "amortecedor de incertezas". Além disso, pontuou que as reservas internacionais funcionam como um "colchão" de proteção.
"O colchão de reservas internacionais hoje em dia está adequado", disse.