BC sinaliza que não vai reduzir Selic e vê inflação maior
Instituição avaliou que inflação continuará resistente nos próximos trimestres
Ao mesmo tempo em que piorou suas projeções de inflação para este e o próximo ano, o Banco Central sinalizou nesta quinta-feira que a inflação tende a entrar em convergência para a meta num cenário de política monetária que não inclui redução da Selic.
O BC avaliou que a inflação continuará resistente nos próximos trimestres mas que, mantidas as condições monetárias "isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária", ela tende a ir para a trajetória de convergência à meta "nos trimestres finais do horizonte de projeção", mostrou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira.
A explicação mais explícita sobre o "instrumento de política monetária" não havia sido citada pelo BC ainda. Na semana passada, decidiu manter a Selic em 11% ao ano pela segunda vez seguida, mas surpreendeu uma parte dos agentes econômicos por não retirar a expressão "neste momento" para explicar sua decisão. Com isso, avaliaram os especialistas naquele momento, teria deixado a porta aberta para qualquer movimento futuro da política monetária, inclusive para voltar a reduzir a taxa básica de juros mesmo com a inflação com sério risco de estourar o teto da meta do governo - de 4,5% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumdor Amplo (IPCA), com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. Isso porque a atividade econômica tem dado sucessivos sinais de perda de fôlego e juros elevados têm potencial para piorar ainda mais esse cenário, encarecendo os empréstimos e, consequentemente, o consumo.
Essa visão de corte da Selic perdeu força, com as avaliações de que o BC estaria mais preocupado com a pressão sobre os preços. Pesquisa Focus do próprio BC com economistas mostra que, na mediana das projeções, a perspectiva é de a Selic fechar este ano em 11% e, em 2015, a 12%.
Em seu Relatório Trimestral de Inflação divulgado há cerca de um mês, o BC passou a ver chances praticamente iguais de a inflação estourar a meta em 2014. Inflação alta e baixo crescimento econômico têm abalado a confiança na economia e contribuído para quedas na popularidade da presidente Dilma Rousseff, que busca a reeleição em outubro. Nos 12 meses até junho, o IPCA acumula alta de 6,52%, já acima do teto da meta.
Inflação mais alta
Na ata, o BC também piorou seu cenário sobre o comportamento dos preços. Pelo cenário de referência (Selic a 11% e dólar a R$ 2,20), a projeção para a inflação de 2014 e de 2015 foi elevada sobre o valor do documento anterior e permanece acima do centro da meta.
O BC também passou a ver mais alta nos preços das tarifas de energia elétrica neste ano, a 14%, frente aos 11,5% até então. Ao mesmo tempo, passou a ver menor redução nos preços de telefonia fixa, a 3,8%, ante 4,2%. No geral, manteve em 5% suas contas para a alta nos preços administrados.