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BCs podem desenhar um resgate para conter coronavírus, mas pode não ser o suficiente

28 fev 2020 - 20h17
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Os mercados em queda estão empurrando os bancos centrais globais a ponto de todos alertarem e se preocuparem com um choque econômico global em evolução, num momento em que sua capacidade de responder com vigor está em dúvida, mesmo quando os investidores demandam ação dos BCs.

13/02/2020
China Daily via REUTERS
13/02/2020 China Daily via REUTERS
Foto: Reuters

Atormentados por uma guerra comercial global, os formuladores de políticas monetárias já estavam gastando sua "munição" para impedir que a economia mundial desacelerasse ainda mais, para agora enfrentarem um novo e inesperado golpe vindo do coronavírus que se espalhou rapidamente e semeou o medo em todo o mundo.

Na tarde desta sexta-feira, o chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, emitiu comunicado no qual afirmou que, embora a economia dos EUA permaneça forte, o vírus 'representa um risco crescente' e o Fed está pronto para tomar medidas, se necessário.

"Os fundamentos da economia norte-americana permanecem fortes", disse Powell em comunicado divulgado em meio a uma contínua onda de vendas nas bolsas de valores globais e conforme os mercados nos EUA caminhavam para a pior semana desde 2008.

"No entanto, o coronavírus apresenta riscos crescentes para a atividade econômica. O Federal Reserve está monitorando de perto os desenvolvimentos e suas implicações para as perspectivas econômicas. Usaremos nossas ferramentas e agiremos conforme apropriado para apoiar a economia."

"O Fed confundiu sua mensagem sobre o vírus, confundiu os mercados e se transformou em um lugar insustentável", disse Roberto Perli, economista da Cornerstone Macro, em nota divulgada nesta sexta-feira. "A menos que o vírus seja contido rapidamente, os cortes nas taxas em março e depois são um cenário básico, independentemente dos comentários recentes de várias autoridades".

Agora, eles estão precificando mais de 80% de chance de um novo intervalo alvo do Fed de 1% a 1,25% para os custos de empréstimos de curto prazo até 18 de março, quando o Fed se reunir, abaixo do atual intervalo de 1,5% a 1,75%. Os preços também mostram que operadores esperam que as taxas caiam para a faixa de 0,5% a 0,75% até julho.

MUNIÇÃO

Quanto os bancos centrais podem fazer continua sendo a questão central.

As taxas de juros do Federal Reserve já estão em níveis baixos, reduzidas três vezes no ano passado, quando o governo Trump agitou os mercados em uma batalha comercial com a China.

O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BoJ), com taxas de juros abaixo de zero, podem particularmente ter dificuldades em darem uma resposta eficaz contra o tipo de problemas decorrentes do coronavírus.

A política monetária é mais potente para aumentar a demanda quando diminui o custo dos empréstimos --ela não pode restaurar as cadeias de suprimentos globais que pararam ou convencer as pessoas de que é seguro fazer uma viagem ou que as empresas realizem uma convenção de vendas.

Goushi Kataoka, um dos membros mais "dovish" do conselho de nove membros do BoJ, disse que não vê necessidade imediata de tomar medidas de política monetária em resposta ao surto de vírus.

Na véspera, a presidente do BCE, Christine Lagarde, minimizou o impacto econômico da epidemia de coronavírus em uma entrevista publicada nesta quinta-feira, dizendo que a doença ainda não está causando danos econômicos duradouros.

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