Bitcoin acumula queda 67% em 2022; o que ocorreu com as criptomoedas?
O cenário macroeconômico ruim e vários episódios minaram a confiança no mercado cripto e levaram o Bitcoin para suas mínimas, mas e agora?
O ano de 2022 definitivamente não foi fácil para os investidores de criptoativos, em especial o Bitcoin. Isso porque, apesar do mercado ser conhecido por um movimento de montanha russa, acabou se comportando mais como um tobogã, caindo de forma assustadora, até mesmo para aqueles que já estão acostumados com a alta volatilidade desse mercado.
Para entender o cenário com uma maior clareza, é preciso lembrar que já no final de 2021, o Bitcoin, principal criptomoeda em valor de mercado, bateu seu recorde e alcançou os US$ 68 mil. Desde então, a moeda vem caindo, gerando uma onda negativa sob o mercado inteiro de criptomoedas, até chegar a uma mínima de US$ 15 mil, no mês passado, e deve encerrar o ano pouco acima desse patamar.
Para o especialista em criptomoedas do Grupo Mide de Investimentos, Ricardo Pegnoratto, esse movimento acentuado de queda do Bitcoin se deve a uma sequência de fatores. Dentre os principais motivos, Pegnoratto menciona a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, que afugentou os investidores de mercados menos seguros, como é o caso do mercado cripto.
"Muitas empresas fecharam as portas, consequentemente muitas pessoas perderam seu poder de compra, seus salários e acabaram fugindo dos ativos de risco, voltando a se dolarizar, voltando ativos de proteção para poder manter ali o pouco do dinheiro que ainda restava em sua posse. Tivemos também a guerra da Ucrânia que pegou o mundo inteiro de surpresa e logo no início dessa guerra vimos graves instabilidades porque não se sabia exatamente qual seria os rumos que essa guerra iria tomar. Infelizmente ela perdura até os dias de hoje mas hoje já se sabe mais ou menos pra onde está indo", explica o especialista.
Bitcoin ainda pode cair mais?
Com o término de 2022 e a chegada do próximo ano, a esperança é que o mercado cripto veja dias melhores. Entretanto, para os especialistas, talvez o Bitcoin possa sofrer ainda mais quedas, já que sempre existem os fatores surpresas que podem abalar esse mercado mais sensível. "Sim! Ele pode cair mais, mas se isso realmente acontecer, já é uma coisa que não podemos afirmar, mas a possibilidade existe", diz Pegnoratto.
Para Rafael Franco, CEO da Alphacode, empresa que desenvolve projetos no ambiente mobile, o Bitcoin ainda tem um caminho instável pela frente. Inclusive, existem possibilidades dele chegar a US$ 0. "O valor da criptomoeda está atrelada à confiança dos investidores e das pessoas no valor do ativo. Se essa confiança acabar totalmente, o ativo pode passar a valer pó, como já aconteceu com algumas criptomoedas", afirma Franco.
Perspectivas para 2023
Diante do inverno cripto e do cenário pessimista para as criptomoedas, a pergunta que fica é: o que esperar dos ativos para o próximo ano, levando em consideração o cenário de recessão global? O CEO da Alphacode afirma que a palavra para o ano que vem é volatilidade. "Essa é a característica do mercado, e ela vai continuar acontecendo com altas fortes e quedas igualmente fortes", alerta.
Ricardo Pegnoratto segue a mesma linha, e explica que por mais esperançoso que o investidor possa ficar a respeito de um cenário mais caloroso, talvez o inverno cripto fique por mais um tempo. "Eu sinceramente gostaria que o cenário para 2023 fosse o mais positivo possível, porém nós ainda estamos emaranhados em todas as situações que levaram a queda do mercado cripto, e toda essa instabilidade que vem por detrás dessas situações gera um movimento que ele perdura durante um tempo", explica o especialista.
Mesmo com essas perspectivas, Ricardo Pegnoratto vê oportunidades. "Eu acredito que em 2023 nós teremos uma grande oportunidade de comprar outros criptoativos com um preço muito descontado do seu valor real. É o momento ideal para nós montarmos uma carteira pensando no longo prazo e para traders investidores mais experientes, muitas oportunidades de curto prazo", destaca.
"Mas aquelas grandes valorizações que nós vimos em 2019 e 2020 possivelmente nós não veremos em 2023, porque o mercado ainda precisa se ajustar, ele precisa voltar a ter uma liquidez e os investidores precisam a sentir novamente um sentimento agradável com relação aos ativos de volatilidade para começar a depositar o teu dinheiro ali para que a gente comece novamente, gradativamente, a sentir uma escalada nos preços e isso venha a animar o mercado.
"Entretanto, isso tudo vai ser gradativamente. Então 2023 pra mim é um ano de lateralização, de consolidação dos preços do mercado e estabilização desse movimento de queda para que futuramente nós possamos ver um movimento ascendente novamente", finaliza o especialista em criptomoedas.
Mercado cripto ainda é o mercado do futuro?
Apesar dos pesares, os investidores permanecem acreditando nesse mercado como a grande aposta do futuro, mesmo com seus autos e baixos e mudanças, como as diversas regulações e leis que tem surgido ao redir do mundo para regularizar as criptomoedas. Em suma, Ricardo Pegnoratto aconselha o investimento não só em cripto, como também em Bitcoins, e adverte que aqueles que ficarem de fora podem se arrepender.
"Eu em 2010 infelizmente perdi uma oportunidade. Com quinhentos reais eu poderia ter comprado 750 unidades de Bitcoin e talvez isso tenha sido oportunidade que eu perdi na minha vida. Então hoje pra todas as pessoas que me perguntam se invisto em Bitcoin, eu invisto em Bitcoin e aconselho a todos investirem em Bitcoin. Porque a oportunidade que eu perdi lá atrás se eu tivesse aproveitado ela eu teria colhido centenas de milhões alguns anos depois. Então invista em Bitcoin, invista em Ethereum, invista em outros mas principalmente no Bitcoin", afirma o especialista do Grupo Mide de Investimentos.