Bolsa corta em quase R$ 30 bilhões valor de investimento estrangeiro no País em 2022
Anteriormente, B3 havia divulgado que fluxo era positivo em R$ 91 bilhões, um recorde, e agora refez as contas para R$ 64 bilhões; Bolsa encontrou erro em metodologia, e dados de 2020 e 2021 também devem mudar
A B3, a Bolsa brasileira, anunciou nesta sexta-feira, 1, uma mudança em sua metodologia que apura o saldo da entrada de recursos de investidores estrangeiros via mercado financeiro, o que provocou uma redução relativo ao acumulado de 2022 valor em R$ 27 bilhões. Antes o fluxo estrangeiro neste ano estava em R$ 91,1 bilhões; com essa alteração, passou para R$ 64,1 bilhões até aqui.
O saldo da entrada de estrangeiros é a diferença entre a entrada de recursos pelos investidores do valor da venda de ações. A B3 fez essa mudança porque foi identificado que os empréstimos de ações por estrangeiros estavam sendo capturados pela estatística - sendo que, neste caso, o investidor não está comprando nem vendendo. Assim, a decisão foi de retirar esse montante do cálculo, segundo o diretor executivo na área de produtos da B3, Luís Kondic.
O executivo explicou que por enquanto só o dado de 2022 foi revisado, mas que os dados de 2021 e 2020 também serão alterados. Pelos dados divulgados, em 2020 o saldo de estrangeiros foi negativo em R$ 31,8 bilhões e positivo em cerca de R$ 70 bilhões no ano seguinte. Segundo o diretor da Bolsa, ainda não foi estabelecido prazo para que essa revisão seja feita.
Kondic explica que os anos anteriores não terão mudanças porque os empréstimos de ações em tela pela B3 só entraram em vigor em outubro de 2020 e, de forma indevida, passaram a ser capturados pela metodologia. Os investidores fazem empréstimos de ações "fora da tela", mas esses números não estavam sendo contabilizados.
O empréstimo de ações se trata de uma operação em que investidores emprestam suas ações a outros investidores, por prazo determinado, mediante a cobrança de uma taxa acertada pelas partes por uma certa quantidade de ações.