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Bolsa da Hermès: por que consumidores fazem fila para comprar itens de luxo

Empresa francesa virou alvo de polêmica após clientes alegarem restrição de venda da bolsa Birkin nos Estados Unidos

5 mai 2024 - 05h00
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Resumo
A famosa marca de luxo Hermès se tornou alvo de polêmica após dois clientes ingressarem com uma ação judicial, acusando a empresa de vender a bolsa Birkin somente para consumidores que já haviam gastado grandes quantias com outros produtos da loja.
Bolsa Birkin virou hit entre as celebridades
Bolsa Birkin virou hit entre as celebridades
Foto: Edward Berthelot/Getty Images

Famosa pela criação de peças icônicas na moda, a Hermès virou alvo de polêmica após ser processada por dois clientes que tentaram adquirir a bolsa Birkin na Califórnia, nos Estados Unidos. A peça, lançada originalmente em 1984, pode custar entre R$ 30 mil e R$ 2 milhões.

Os clientes entraram com uma ação judicial em 19 de março deste ano, acusando a marca de vender as bolsas somente a consumidores que já teriam gastado quantias significativas com outros produtos da loja. Na ação, um deles, identificado como Mark Glinoga, relatou que tentou comprar a peça ao longo de 2023, mas obteve a informação de que "precisava adquirir outros produtos da marca".

Já a outra cliente, Tina Cavalleri, disse que gastou "milhares de dólares" na Hermès, mas que, quando manifestou o desejo de comprar a bolsa em setembro de 2022, foi informada pela loja que o modelo era vendido apenas para "clientes que haviam sido consistentes" em apoiar o negócio. Com isso, Tina relatou ter se sentido pressionada a comprar mais itens da Hermès. De acordo com a Reuters e agências internacionais, os dois solicitaram à Justiça que não permita a prática da empresa, além de indenização financeira.

Exclusividade

Apesar de gerar curiosidade, essa não é a primeira vez que a temática ganha repercussão entre o público. Inclusive, vale destacar que marcas de moda de luxo, como é o caso da Hermès, têm posicionamentos alinhados com a tradição e regulamento próprios da empresa. 

Em entrevista ao Terra, a curadora do Hub de Moda e Luxo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Katherine Sresnewsky, pontua que as marcas de luxo prezam pela exclusividade e tradição, além do alto preço e elevada qualidade dos produtos. Segundo a especialista, essas características também impactam no valor agregado do negócio.

"Tem marcas que não são tão caras e depois ficam muito mais caras, porque se tornam mais desejadas com o passar dos anos. E tem marcas que em algum momento decidem limitar o seu acesso", afirma.

Katherine Sresnewsky, curadora do Hub de Moda e Luxo da ESPM
Katherine Sresnewsky, curadora do Hub de Moda e Luxo da ESPM
Foto: Divulgação/ESPM

Segundo ela, a manutenção desse acesso tem a ver com o pilar de exclusividade fomentado pelas marcas de luxo, como a Hermès. Além disso, a curadora destaca as classificações e ofertas de produtos para atender diferentes tipos de clientes, como a venda de perfumes, óculos e até esmaltes, como a também francesa Chanel.

"Nesse mercado, a gente tem alguns níveis. Então, a gente tem o luxo acessível, o luxo intermediário e o luxo inacessível. A maioria dos negócios que trabalham com o mercado de luxo, vamos falar, vamos fechar aqui, para a moda, geralmente hoje já consegue acender essas três segmentações", aponta.

Mesmo com a oferta de outros produtos 'mais acessíveis', a especialista reitera que as marcas de luxo trabalham para que o luxo inacessível seja considerado algo 'muito exclusivo' e que essa atuação não é uma novidade nesse mercado.

"Essa movimentação que acontece hoje, ela não é uma movimentação estranha. Ela é uma movimentação esperada por todas as marcas que pregam pela sua exclusividade", acrescenta.

Polo de formação dos ateliês de Fitilieu
Polo de formação dos ateliês de Fitilieu
Foto: Benoît Teillet/Hermès/Divulgação

Outro ponto que interfere nessa condição é o desenvolvimento e produção das peças, que, na maioria das vezes, acontece de forma artesanal e com uso de máquinas especializadas. No caso da bolsa Birkin, que foi criada em 1984 e virou hit entre celebridades como Kim Kardashian, Mariah Carey e Lady Gaga, a peça é feita de couro e conta com um processo de curtimento específico, conforme informa a marca em seu site.

"Tem esse processo produtivo muito cauteloso, principalmente em acessórios, artigos de couro. Vamos falar da bolsa que é o artigo mais desejado e um dos maiores símbolos da marca. São produtos, muitas vezes, feitos à mão. Ou são construídos, em grande parte, em máquinas e finalizados à mão", diz o informativo.

A manutenção do luxo inacessível e exclusivo é trabalhada não só no universo da moda, mas em outros segmentos, como nos automóveis de alta performance.

Idealização da bolsa

Com quatro décadas de história, a bolsa Birkin foi inspirada na atriz, cantora e ex-modelo, Jane Birkin (1946-2023), e logo se tornou hit entre as celebridades. Conhecida como um dos ícones da marca francesa, as bolsas são vendidas a clientes fiéis e que possuem relacionamento com a marca.

A ideia de criar a bolsa aconteceu durante o encontro de Jane Birkin e o diretor administrativo da Hermès, Jean-Louis Dumas (1978-2006), em um voo de Paris para Londres, no ano de 1984. Na ocasião, a artista, que usava um grande sacolão de palha, lamentou o fato de não conseguir uma bolsa adequada às suas necessidades como mãe de primeira viagem.

Jane Birkin inspirou criação da bolsa
Jane Birkin inspirou criação da bolsa
Foto: Jun Sato/WireImage/Getty Images

A partir dessa inspiração, o designer projetou uma bolsa grande retangular, flexível e com aba polida e pespontos. O acessório ainda contou com espaço próprio para mamadeiras.

Mesmo com o passar dos anos, a bolsa se manteve como artigo de desejo e acumulou ainda mais valor. Com diversas cores e acabamentos, as peças são desenvolvidas em quatro tamanhos e leva cerca de dezoito horas para ser finalizada.

Além da alta qualidade da matéria-prima e cuidado com a confecção, o valor da bolsa também está relacionado ao tratamento após a venda, que incluem reparos e serviços vitalícios na oficina da Hermès em Paris, na França.

Empresa francesa

Fundada pelo empresário francês Thierry Hermès em 1837, a empresa fatura cerca de 11,6 bilhões de euros, o equivalente a R$ 61,3 bilhões, por ano. Com tradição familiar há seis gerações, a Hermès mantém o essencial de produção na França, em suas 54 unidades de produção, desenvolvendo ainda uma rede internacional de distribuição que agrega mais de 300 lojas em 45 países.

Fonte: Redação Terra
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