Bolsa sobe 1,23% e rompe pela 1ª vez a barreira dos 106 mil pontos
Recorde alcançado deve-se às altas em Nova York e à perspectiva de votação da reforma da Previdência, amanhã, em 2º turno do Senado
O Ibovespa, índice com as ações mais negociadas na Bolsa brasileira, fechou ontem em sua máxima histórica, aos 106.022 pontos. O resultado quebrou uma espera que segundo o mercado demorou mais do que se imaginava quando, em 10 de julho, o último recorde havia sido quebrado, aos 105.817 pontos. Naquela ocasião, a Câmara aprovou o texto base da reforma da Previdência em primeiro turno, com 379 votos.
A alta de 1,23% deveu-se basicamente a fatores externos, com a alta registrada nas principais Bolsas do mundo, novamente apimentada pela perspectiva de votação da reforma do regime de aposentadoria pública, que hoje será apreciado pelo Senado, em segundo turno.
Depois de uma manhã morna, o Ibovespa acelerou os ganhos no início da tarde. Nem a crise interna do PSL espantou o apetite do investidor. Com movimentação financeira de R$ 18,8 bilhões, os destaques da B3 ficaram para Petrobrás e Vale, que segundo os analistas devem apresentar balanços financeiros positivos nesta semana.
Vale lembrar que o recorde é nominal, por não considerar a variação da inflação ao longo dos anos. Em termos reais, o mercado considera o pico do índice no dia 20 de maio de 2008, quando marcou 73.516 pontos. De acordo com a análise gráfica de José Raymundo de Faria Júnior, da Planejar, esse recorde, deflacionado, seria hoje de 137.500 pontos.
Mas para Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos, a marca de ontem significa muito, uma vez que os investidores começam a enxergar melhoras na economia brasileira, ao passo que Estados Unidos e China sinalizam uma trégua em suas complicadas negociações comerciais, que afetam os mercados de todo o planeta. "O Brasil começa a mostrar bons fundamentos, os mais emblemáticos deles foi a redução no desemprego na semana passada. Eu continuo com um viés otimista para a Bolsa neste e no próximo ano", diz.
Para Rodrigo Franchini, da gestora de investimentos independente Monte Bravo, o resultado reforça sua expectativa em ter uma Bolsa perto dos 115 mil pontos até o fim deste ano. "No início, tinha muita gente falando em 120 mil, 125 mil pontos, mas as oscilações de agosto, principalmente em virtude da guerra comercial (entre os EUA e a China), reduziram um posso esse ímpeto", conta.
Para ele, além de desafios domésticos, como a política, crises nos vizinhos podem ainda influenciar negativamente o mercado de capitais no Brasil. Os incidentes de violência no Chile e o desafio fiscal da Argentina, são pontos que merecem atenção. "O que acontece nesses países tem impacto no índice de mercados emergentes e pode contagiar o humor do investidor com o Brasil", diz.