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Bolsonaro diz que preço dos combustíveis pode cair 10%

Presidente quer alterar a forma de cobrança do ICMS, mas mudança enfrenta resistência de governadores

22 fev 2021 - 11h35
(atualizado às 12h01)
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores nesta segunda-feira, 22, que é possível reduzir em 10% o preço dos combustíveis intervindo na bitributação e em mudanças no ICMS.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto
12/01/2021 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto 12/01/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Os impostos (no preço dos combustíveis) são bitributados, incidem sobre o preço na refinaria, nos postos e em cima do próprio ICMS. Se jogar só em cima disso, reduz 10% o preço dos combustíveis e vários organismos do governo não fazem nada. No fundo, ninguém fazia nada. Eu descobri tudo isso sozinho", criticou Bolsonaro em conversa com apoiadores ao deixar o Palácio da Alvorada.

O presidente quer alterar a forma de cobrança do ICMS, um imposto estadual, para que não seja mais cobrado na bomba, mas nas refinarias. O governo enviou há 10 dias um projeto de lei sobre o tema ao Congresso, mas a mudança enfrenta resistência dos governadores, já que vários Estados perderiam receita.

Com as ações da Petrobras --e de outras estatais-- desabando na bolsa de valores desde a abertura do mercado nesta segunda após, na sexta, Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco, o presidente voltou a afirmar que outras mudanças serão feitas e criticou a política de preços da petroleira e o mercado financeiro.

"Mudanças teremos no governo sempre que se fizer necessária, não tenho preocupação nenhuma outra a não ser atender o interesse público. Transparência e previsibilidade acima de tudo", disse o presidente, que voltou a criticar Castello Branco, a quem acusou de receber um salário alto e "sem trabalhar".

Pela idade, Castello Branco é considerado grupo de risco para a Covid-19 e, assim como a maior parte dos diretores da Petrobras, está trabalhando de casa desde o início da epidemia.

"É direito meu reconduzi-lo ou não. Ele não será reconduzido. Qual o problema? É sinal de que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras: atender os interesses próprios de alguns grupos no Brasil. Nada mais que isso", disse Bolsonaro.

"Ninguém quer perseguir servidor, muito pelo contrário, precisamos prestigiar servidores. Agora, o petróleo é nosso ou é de um pequeno grupo no Brasil?", disse Bolsonaro depois de dizer que os servidores da empresa estão trabalhando em um ritmo "diferenciado".

Bolsonaro voltou a dizer que não vai interferir na política de preços da Petrobras. Lembrou que na semana passada, a estatal reajustou em 10,2% o valor da gasolina e 15,2% do diesel nas refinarias, e o governo não reverteu o reajuste.

Em meio à crise econômica e ameaças constantes de greves de caminhoneiros, Bolsonaro tenta conter os reajustes, que já passam de 30% neste ano.

Apesar de dizer que não vai interferir, o presidente questionou mais uma vez o porquê dos reajustes e reclamou que não há transparência na Petrobras.

"Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras. Eu não consigo entender em um prazo de duas semanas ter uma variação do diesel de 15%. Não foi essa a variação do dólar aqui dentro nem no preço do barril lá fora. Então tem coisa aí que tem que ser explicada", disse.

O anúncio da não recondução de Castello Branco, a indicação de mais um general e ameaças vagas feitas por Bolsonaro no final de semana de que mais mudanças serão feitas nas estatais, levou a uma abertura nervosa do mercado financeiro nesta segunda.

Por volta de 11h25, as ações da Petrobras já caíam mais de 20% e a empresa havia perdido ao redor de 70 bilhões de reais em valor de mercado.

O Índice Bovespa caía 5,5%, puxado não apenas pela Petrobras, mas por quedas nas ações da Eletrobras e do Banco do Brasil.

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