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Bolsonaro muda o tom e defende vacinas em prol da economia

Para a economia voltar a funcionar, o presidente reconheceu a importância da vacina, mas voltou a dizer que só se vacina quem quer

27 jan 2021 - 09h37
(atualizado às 10h06)
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Em uma conferência com investidores, o presidente Jair Bolsonaro mudou o tom e defendeu a vacinação contra a covid-19 como forma de fazer a economia brasileira voltar a funcionar, apesar de já ter questionado a eficácia das vacinas e defender que só deve ser vacinado quem quiser.

Bolsonaro em evento, em Brasília 
REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro em evento, em Brasília REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Sempre disse que qualquer vacina, uma vez aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), seria comprada pelo governo federal. Só no ano passado assinamos em dezembro uma medida provisória destinando crédito de 20 milhões de reais para as vacinações e elas agora se tornam uma realidade para nós", disse Bolsonaro na abertura da conferência organizada pelo banco Credit Suisse. "Já somos o sexto país que mais vacinou no mundo. Brevemente, estaremos nos primeiros lugares, para dar mais conforto à população, segurança a todos e de modo que a nossa economia não deixe de funcionar."

Na verdade, de acordo com o site Our World in Data, que tem acompanhado a aplicação de vacinas no mundo, o Brasil é, com pouco mais de 700 mil doses aplicadas, o 14º no mundo. Já na comparação por 100 habitantes, é o 18º.

Por mais de uma vez, Bolsonaro questionou o investimento em vacinas, apesar de ter assinado em dezembro a medida provisória liberando 20 bilhões de reais para a compra dos imunizantes. Antes disso, obrigou o Ministério da Saúde a suspender um acordo inicial com o Instituto Butantan para aquisição das doses da Coronavac.

Além disso, levantou dúvidas sobre a eficácia das vacinas e possíveis efeitos colaterais, criticou os contratos propostos pelas empresas e chegou a dizer que seria mais útil investir em medicamentos para um suposto tratamento precoce que, na verdade, não existe. Os medicamentos defendidos pelo presidente não têm eficácia comprovada contra a Covid.

A mudança no tom da conversa com investidores segue a linha do que tem defendido o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na segunda-feira, Guedes afirmou que a vacinação em massa é decisiva para a retomada da economia no país.

No evento desta terça, ambos defenderam, inclusive, a proposta feita por empresários brasileiros de comprar vacinas para imunizar seus funcionários e também doar parte ao Sistema Único de Saúde.

COMPROMISSO FISCAL

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que o governo manterá o compromisso com o teto de gastos e não irá transformar em permanentes medidas temporárias criadas para combater a pandemia de Covid-19.

A fala aconteceu na abertura de um seminário para investidores organizado pelo banco Credit Suisse, em que Bolsonaro leu seu discurso.

Nas últimas semanas, parlamentares têm defendido o retorno de medidas como o auxílio emergencial, que terminou em dezembro, para enfrentar a segunda onda de Covid-19.

"Manteremos firme compromisso com a regra do teto de despesas como âncora de sustentabilidade e de credibilidade econômica. Não vamos deixar que medidas temporárias relacionadas com a crise se tornem compromissos permanentes de despesas. Nosso objetivo é passar da recuperação baseada no apoio ao consumo para um crescimento sustentado pelo dinamismo do setor privado", disse Bolsonaro na abertura do evento.

O presidente afirmou ainda que o país está a caminho de um crescimento projetado para esse ano de 3,5% do Produto Interno Bruto e que o governo mantém o compromisso com os leilões de concessões e privatizações.

"Em 2021 vamos acelerar o calendário de privatizações e dar continuidade às medidas de aperfeiçoamento no ambiente de negócios", afirmou, um dia depois do pedido de demissão do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira.

Um dos articuladores do processo de privatização da empresa, que foi anunciada pela primeira vez em 2017, ainda no governo de Michel Temer, Ferreira teria saído justamente por não ver avanços no processo.

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