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Bolsonaro provoca calote bilionário na Caixa em tentativa de reeleição, diz site

Com duas medidas provisórias que buscavam conquistar o voto dos mais pobres, um rombo bilionário foi aberto nos cofres do banco estatal

29 mai 2023 - 11h17
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Jair Bolsonaro e Pedro Guimarães, ex presidente da Caixa, em evento em junho de 2022
Jair Bolsonaro e Pedro Guimarães, ex presidente da Caixa, em evento em junho de 2022
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Jair Messias Bolsonaro foi o primeiro presidente que não conseguiu se reeleger no Brasil. O capitão reformado do Exército perdeu a corrida eleitoral para seu principal oponente, o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O fracasso, porém, não veio sem tentativas colossais de se manter no cargo — tentativas, essas, que provocaram até mesmo um calote bilionário na Caixa Econômica Federal.

É o que revela a jornalista Amanda Rossi, no UOL. A primeira tentativa de conquistar o voto dos mais pobres por parte de Bolsonaro, o Auxílio Brasil, não gerou o efeito esperado nas pesquisas. Com isso, foi a vez de aliados importantes entrarem em cena: a centenária Caixa Econômica Federal e o então presidente do banco, Pedro Guimarães.

Usando medida provisória, Bolsonaro criou duas linhas de crédito na Caixa para essa fatia do eleitorado, que liberou R$ 10,6 bilhões até a data das eleições para 6,8 milhões de pessoas. 

Linhas de crédito criadas

Para pessoas com nome sujo — que fez com que a Caixa emprestasse R$ 3 bilhões no programa, chamado SIM Digital. O dinheiro, porém, não voltou ao banco estatal: a inadiplência alcançou os 80% neste ano, e parte desse rombo deve ser coberto com verbas do FGTS;

Empréstimos consignados ao Auxílio Brasil — onde a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões entre o primeiro e o segundo turno das eleições no ano passado. Em um pente-fino do novo governo, mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família, fazendo com que o pagamento das parcelas se tornasse incerto.

Guimarães e Bolsonaro

O então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, não escondia a preferência por Bolsonaro na corrida presidencial. Em jantar com empresários, em abril do ano passado, chegou a afirmar que se mudaria para a África caso a reeleição falhasse. "Se não for Bolsonaro, game over", disse na ocasião. 

A intenção não era por pura afeição. Guimarães tentava integrar a chapa de Bolsonaro como candidato a vice-presidente. Para isso, contava com o apoio de  Ricardo Salles, ex-ministro de Meio Ambiente.

Derrocada das linhas de crédito

As medidas precisavam de uma coisa para dar certo e refletir nas intenções de voto: uma abertura generosa dos cofres da estatal. E teve. 

SIM Digital

Para pedir crédito pelo SIM Digital, que emprestava de R$ 300 a R$ 1 mil para quem tinha até R$ 3 mil em dívidas, bastavam alguns cliques no celular. Mesmo que todos os bancos estivessem aptos para participar do programa, só a Caixa quis assumir o risco — com juros que começavam em 1,95% ao mês.

Em 24 horas, mais de 50 mil contratos foram assinados aderindo ao programa e, no primeiro mês, foram emprestados R$ 1,3 bilhão pelo banco. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego.

Uma solução arriscada para cobrir possíveis calotes foi tomada: um fundo garantidor, que recebeu R$ 3 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Um ano depois, o resultado é uma inadimplência de 80%, revelada à reportagem por Rita Serrano, atual presidente da Caixa. 

Para cobrir o rombo, então, o fundo garantidor começará a ser acionado nos próximos meses. A quantia, porém, ainda é incerta — mas se a inadimplência se mantiver nos patamares atuais, os recursos do FGTS podem ter que bancar cerca de R$ 1,8 bilhão, enquanto a Caixa terá que dar conta dos outros R$ 600 milhões.

O prejuízo é resultado de poucos meses do programa no ar. Isso porque a expectativa de emprestar R$ 10 bilhões pelo SIM Digital dependia da rotatividade do dinheiro. Quando os primeiros devedores pagassem as parcelas, o dinheiro voltaria à Caixa para, então, ser emprestado para outras pessoas.

A inadimplência superou todas as expectativas criadas. O índice de atraso nos pagamentos já nos primeiros meses foi altíssimo. Dessa forma, a Caixa não poderia emprestar mais que o saldo do fundo garantidor (R$ 3 bilhões). Em três meses, a estatal já tinha emprestado 86% — R$ 2,6 bilhões.

Uma medida drástica foi tomada: os empréstimos foram suspensos para negativados, contrariando o mote do programa em seu anúncio. A decisão, porém, parece ter sido tomada em total sigilo — até hoje, o site do banco diz que negativados podem participar.

Em meio a tudo isso, funcionárias da Caixa denunciavam Pedro Guimarães por assédio sexual, o que fez com que ele renunciasse ao cargo pouco depois.

Consignado no Auxílio Brasil

Como o consignado do Auxílio Brasil não era tão simples de implementar, a Caixa começou a ofertar o programa em 10 de outubro — em plena campanha para os segundo turno.

Mesmo que outras instituições financeiras também pudessem oferecer, nenhum dos outros grandes bancos entrou no negócio, somente instituições de pequeno porte. A Caixa concentrou 80% dos créditos do programa. 

Em média, a Caixa emprestou R$ 447 milhões por dia útil. 

Logo depois que as urnas deram a vitória a Lula, a Caixa cortou o consignado sem qualquer aviso prévio ou público. 

Rombo nos cofres da Caixa

Para ter tanto dinheiro quanto Bolsonaro precisava para fazer suas medidas funcionarem, a Caixa precisou reduzir seus ativos de alta liquidez, ou seja, a quantidade de dinheiro mínima que o Banco Central obriga as instituições bancárias a terem sempre disponível, para evitar uma quebra.

No final do ano eleitoral, esse montante chegou a R$ 162 bilhões. O valor era R$ 70 bilhões a menos que no ano anterior e foi o volume mais baixo da série histórica, iniciada em 2017.

O que diz a Caixa e Bolsonaro?

À reportagem, a Caixa informou que "o banco divulga suas informações em linha com as melhores práticas do mercado". 

Pedro Guimarães também foi procurado e não quis comentar. O advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, não respondeu às tentativas de contato.

Fonte: Redação Terra
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