Bolsonaro sinaliza chance de retorno do horário de verão
Ministério de Minas e Energia pediu que o ONS atualize os estudos sobre os efeitos do mecanismo no consumo de energia
O presidente Jair Bolsonaro deu nesta segunda-feira, 2, a primeira sinalização de que pode voltar a implementar o horário de verão para lidar com a crise hídrica do País. Em entrevista à Rádio ABC de Novo Hamburgo (RS), ele afirmou que, mesmo sendo contra a medida, se a população mudar de opinião sobre o tema, ele "segue a maioria". "Se a maioria da população quiser a volta, eu posso fazer isso aí."
Bolsonaro disse que vai falar com uma rádio que "ouve quase sempre", para que a emissora faça uma pesquisa com seus ouvintes e veja a "vontade popular" em relação ao tema, e sugeriu que a rádio local de Novo Hamburgo faça a mesma coisa. De acordo com o presidente, a falta de apoio popular seria um dos motivos que pesam contra a retomada da medida, já que, até o momento, ele vê que a maioria da população continua contrária à implementação do horário de verão.
"No momento, eu sei que para alguns setores aumenta o faturamento, porque as pessoas ficam mais tempo aí frequentando o comércio, isso a gente pesa aqui também. Mas no momento não tem clima, apoio popular, para a gente voltar o horário de verão", disse.
O horário de verão foi extinto por Bolsonaro em abril de 2019. O estudo usado como argumento pelo governo apontava que mudanças nos hábitos do consumidor e o avanço da tecnologia reduziram a relevância da economia de energia com a medida ao longo dos anos, principalmente pela popularização dos aparelhos de ar condicionado.
A declaração do presidente vem logo após o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmar que não havia nenhum movimento para o retorno do horário de verão no País. Contudo, pressionado pela crise hídrica e por diversos setores, o governo decidiu reavaliar os impactos do horário de verão. Segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, o MME pediu ao órgão que atualizasse os estudos sobre os efeitos do mecanismo no consumo de energia.
O presidente também voltou a descartar a possibilidade de racionamento de energia elétrica neste ano, segundo ele, em virtude da diversidade de matriz energética no País, mas declarou: "Quem, porventura, estiver com uma luz acesa a mais na sua casa, por favor, apaga essa luz, lá na ponta da linha, vai fazer a diferença". E finalizou: "Peço a Deus que nos ajude mandando água para o Brasil".