Bovespa cai 2,6% por receio de novo racionamento de energia
"É o medo de apagão", resumiu Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da Renascença DTVM
Receios sobre um possível racionamento de energia elétrica no Brasil, similar ao que ocorreu entre 2001 e 2002, causou apreensão ao mercado acionário brasileiro nesta segunda-feira, em dia de volume fraco mesmo em dia de exercício de opções.
O Ibovespa caiu 2,57%, a 47.758 pontos, ainda recuperando-se parcialmente das mínimas da sessão, após ter flertado com novos pisos desde dezembro.
O giro financeiro somou R$ 5,92 bilhões, abaixo da média recente, mesmo como os R$ 2,18 bilhões adicionais do vencimento dos contratos de opções sobre ações. Para operadores, isso refletiu a ausência dos mercados dos Estados Unidos, fechados devido ao feriado de Martin Luther King, também conhecido como MLK Day.
Já com tendência negativa desde a manhã, a Bovespa acelerou a queda após várias distribuidoras de energia do país receberem ordem do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para cortarem carga para preservar o fornecimento do sistema.
Imediatamente, as ações de distribuidoras de energia despencaram. O Índice de Energia Elétrica caiu 4,61%, com destaque para papéis de distribuidoras como CPFL, Light e Cemig, todas com quedas superiores a 6%.
O fato, em um momento de crescentes temores quanto ao fornecimento de energia no País, dado aos recordes de baixa dos reservatórios das hidrelétricas, fez os investidores correrem de ações de companhias que fazem uso intensivo de eletricidade, como petroquímicas e siderúrgicas.
"É o medo de apagão", resumiu Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da Renascença DTVM.
Braskem desabou 7,7%, a pior do índice no dia. A produtora de aço CSN perdeu 7,2%.
Na outra ponta, quem nos últimos trimestres faturou vendendo excedentes de energia no mercado, teve melhor sorte. A Fibria fechou estável, enquanto a também produtora de celulose Suzano caiu apenas 0,2%.
Mesmo antes do corte seletivo de energia acirrar os temores, o mercado já adotava um tom predominantemente negativo, após a China tomar medidas para reprimir produtos de crédito, que têm sido apontados como culpados por alimentar a especulação excessiva do mercado nos últimos meses.