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Brasil cria 1,4 milhão de empregos com carteira assinada em 2023, aponta Caged

Número é 26,3% menor em comparação com os 2.013.261 de empregos gerados em 2022, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho

30 jan 2024 - 15h15
(atualizado às 16h16)
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BRASÍLIA - O Brasil gerou 1.483.598 de empregos formais em 2023, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta terça-feira, 30, pelo Ministério do Trabalho. Em comparação com as 2.013.261 vagas geradas em 2022, o número é 26,3% menor.

O resultado do ano passado decorreu de 23.157.812 admissões e 21.774.214 demissões. O ano passado registrou o segundo pior resultado desde 2020 — início da série histórica. Em dezembro, o saldo ficou negativo em 430.159 vagas.

O mercado financeiro esperava um novo avanço no emprego no ano, e o resultado veio abaixo da mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que indicava abertura de 1.538.250 postos de trabalho. As estimativas variavam entre abertura de 1.444.786 a 1.836.747 vagas em 2023.

País criou 1,4 milhão de empregos formais em 2023, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira, 30
País criou 1,4 milhão de empregos formais em 2023, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira, 30
Foto: Estadão / Estadão

Serviços

A abertura dessas vagas de trabalho com carteira assinada em 2023 foi puxada pelo desempenho do setor de serviços no ano, com a criação de 886.223 postos formais, seguido pelo comércio, que abriu 276.528 vagas.

Já a indústria geral gerou 127.145 vagas, enquanto houve um saldo de 158.940 contratações na construção civil. A agropecuária registrou abertura de 34.762 vagas no ano.

Em 2023, 27 unidades da federação obtiveram resultado positivo no Caged. O melhor desempenho entre os Estados foi registrado em São Paulo, com a abertura de 390.719 postos de trabalho. Já o pior desempenho foi do Acre, que registrou a abertura de 4.562 vagas no ano passado.

Após a criação de 125.027 vagas em novembro (dado revisado nesta terça), o mercado de trabalho formal registrou um saldo negativo de 430.159 carteiras assinadas em dezembro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados há pouco pelo Ministério do Trabalho.

O resultado do mês passado decorreu de 1.502.563 admissões e 1.932.722 demissões. O dado é o pior resultado para dezembro desde 2022, na série histórica iniciada em 2020. Em dezembro de 2022, houve fechamento de 455.715 vagas com carteira assinada, na série ajustada.

Desaceleração suave

Os resultados do Caged em dezembro corroboram a visão de desaceleração suave do mercado de trabalho, segundo o economista da XP Investimentos Rodolfo Margato, em nota.

"As contratações totais cresceram 1,2% em dezembro, para 1,935 milhão, nível historicamente alto. Em média, houve incremento mensal de 0,8% nas admissões ao longo de 2023?, escreve. "Por sua vez, os desligamentos totais subiram 1,8%, para 1,882 milhão, o patamar mais elevado do último ano. Este aumento veio acima do esperado, explicando a diferença entre a nossa projeção e o resultado observado no saldo total em dezembro."

Os cálculos de Margato indicam que houve desaceleração da criação líquida de vagas formais de 65 mil em novembro para 55 mil em dezembro, em números com ajuste sazonal.

Para 2024, o economista prevê desaceleração para 1,1 milhão de vagas. "Conforme temos argumentado, o aumento do emprego formal continuará a apoiar o consumo das famílias em 2024?, afirma. A XP projeta crescimento de 3,0% para o PIB de 2023. A casa prevê arrefecimento para 1,5% em 2024, mas a projeção tem viés altista, atrelado à resiliência do mercado de trabalho e do consumo privado.

Para o head de pesquisa macroeconômica da Knitro Capital, João Savignon, os dados do mês passado são condizentes com a desaceleração em curso de toda a atividade econômica. "Apesar de ter havido certa surpresa negativa na margem, com um número de desligamentos maior que o projetado em dezembro, olhando sob um horizonte mais amplo, o desempenho está conforme o esperado", afirma.

Segundo ele, o País vem de uma criação acima de 2 milhões de empregos formais em 2022, desacelera agora para pouco menos de 1,5 milhão e "deve seguir nessa tendência". "Não é que teremos um mercado de trabalho frouxo agora, é um arrefecimento", emenda.

A Knitro projeta saldo líquido positivo de pouco mais de 1,2 milhão de vagas no Caged de 2024. A estimativa, segundo Savignon, está compatível com a projeção de elevação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% no ano, ante crescimento em torno de 3% em 2023.

Em relação aos números de dezembro, Savignon reforça que o saldo negativo foi puxado pelas já tradicionais demissões de contratos temporários, principalmente no setor de serviços, no período. Descontados os efeitos sazonais, ele calcula que houve saldo positivo de 50 mil vagas no Caged do mês.

Considerando esse nível de dezembro, o economista aponta que a média móvel trimestral, também dessazonalizada, passou a rodar entre 70 mil e 80 mil novas vagas por mês, abaixo do nível observado até o meio do ano, quando o saldo positivo rodava próximo dos 100 mil, analisa.

O economista do Banco BV Christian Meduna destaca que o Caged permaneceu com criação líquida de postos formais em dezembro na série dessazonalizada, apesar do fechamento líquido de 430,159 mil vagas registrado pelos dados originais.

"O número do mês, com setor de serviços mais fraco, veio alinhado com as pesquisas recentes do IBGE que mostram fraqueza do setor, mas em nível ainda relativamente elevado."

Para 2024, Meduna prevê um novo arrefecimento, desta vez para em torno de 800 mil postos formais. O movimento condiz, segundo ele, com a desaceleração esperada para o crescimento do PIB, previsto em 3% para 2023 e 1,5% para 2024.

Na série dessazonalizada, calcula, a expectativa é de um novo encerramento mensal positivo no fim deste 2024. "Deve sair de 85 mil vagas para um nível mais perto de 60 mil no fim do ano, é uma desaceleração gradual."/Com Marianna Gualter e Daniel Tozzi Mendes

Estadão
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