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Brasil estuda até baterias contra blecautes em Roraima por crise da Venezuela

28 nov 2017 - 14h23
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Autoridades brasileiras avaliam medidas para evitar uma crise de abastecimento de energia elétrica em Roraima, que tem sofrido com frequentes blecautes porque é abastecida principalmente por geração enviada pela Venezuela, que passa por enormes problemas financeiros.

As alternativas em análise incluem até a contratação de baterias elétricas para apoiar Roraima, que ainda não faz parte do sistema elétrico interligado do Brasil, bem como licitações para viabilizar instalações locais de geração renovável ou termelétrica e medidas de eficiência para reduzir o consumo.

"A situação de Roraima hoje é extremamente preocupante com relação ao abastecimento de energia... estamos estudando como melhorar o atendimento, até porque é uma situação precária", disse à Reuters o secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, Fábio Lopes Alves.

Ele afirmou que entre 70 e 80 por cento da carga de Roraima é atendida por meio de energia enviada pela Venezuela através de uma linha de transmissão que liga o Estado ao país vizinho.

"O que acontece hoje é que a situação econômica da Venezuela é precária, inclusive impactando a manutenção desse empreendimento. A quantidade de desligamentos dessa linha tem sido preocupante... e se você não está fazendo a manutenção adequada, a tendência é que dê defeitos, e portanto o número de desligamentos aumenta", apontou o secretário.

Segundo atas dos últimos encontros do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne autoridades da área de energia do governo brasileiro, Roraima não teve nenhum grande blecaute em julho, mas em agosto foram registradas sete ocorrências, com mais cinco em setembro e cinco em outubro.

De todas essas interrupções, apenas uma não teve origem no sistema venezuelano, segundo as atas das reuniões do colegiado.

A situação não mudou muito em relação aos problemas verificados no início do ano na linha de transmissão que já foi vista no passado como símbolo das ambições de integração entre os dois países, conforme reportou a Reuters em abril deste ano.

Uma fonte que trabalha na companhia estatal da Venezuela, a Corpoelec, confirmou que o problema se deve à falta de manutenção, e acredita que os blecautes continuarão até que a situação no país vizinho melhore.

"As barragens (das hidrelétricas) estão cheias de água, a estação chuvosa encheu as barragens, mas a falta de manutenção significa que ainda temos cortes de energia... e nós teremos isso até que possamos ter dinheiro para realizar a manutenção adequada na linha", disse a fonte, na condição de anonimato.

MEDIDAS

"Não é razoável que um Estado da União tenha uma situação tão precária no abastecimento de energia. Isso é injustificável", reforçou Alves, listando algumas alternativas para reduzir o problema em Roraima.

O secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia disse que a pasta deve promover "no começo de 2018" um leilão para contratar sistemas de geração e até baterias para apoiar o atendimento a Roraima.

Ele disse que a ideia é aproveitar também novas tecnologias, como as baterias ou fontes renováveis, ao invés de apenas contratar mais termelétricas, que já são a principal fonte de energia do Estado fora a geração venezuelana.

"Estamos modelando um leilão para fornecimento de um bloco de energia capaz de atender o Estado de Roraima... energia térmica, solar, energia de baterias, armazenável... estamos estudando uma modelagem que utiliza não só óleo diesel, mas também biocombustível, biomassa. Estamos estudando uma forma de fazer isso."

Na última reunião do CMSE, no começo de novembro, as autoridades do setor elétrico apontaram que avaliações sobre a implementação de um sistema de baterias em Roraima para evitar blecautes deverão ser apresentadas ao colegiado ainda neste ano.

FALTA DE LINHA

A solução definitiva para os problemas em Roraima, segundo o secretário Alves, só será atingida com a conclusão de uma linha de transmissão que conectará Boa Vista ao restante do sistema elétrico brasileiro.

Um empreendimento que faria essa ligação foi licitado ainda em 2011 e teve a concessão arrematada por um consórcio entre Eletrobras e Alupar, mas até hoje a obra ainda não recebeu liberação ambiental porque seu traçado passaria por terras indígenas.

Após anos sem avanços, a Alupar abandonou o projeto.

A Eletrobras ainda tenta seguir com o empreendimento, mas o licenciamento da obra não avançou nem mesmo após o envolvimento do Ministério da Casa Civil nas discussões, disse Alves.

"Incrivelmente, apesar do esforço do próprio governo, da Casa Civil, essas coisas não estão andando."

Ele ressaltou que a avaliação do Ministério de Minas e Energia é de que a linha de transmissão pode ser construída porque segue o traçado de uma estrada federal que já passa pelas terras indígenas.

"É uma linha onde tem uma grande área já antropizada, por conta da estrada, mas mesmo assim não se consegue superar", adicionou.

Enquanto isso, segundo Alves, o governo avalia um pacote de medidas para reduzir os problemas de energia em Roraima que inclui também a busca por uma redução do consumo com medidas de ações de eficiência energética.

"O que está se pensando não é uma solução de uma mala só... tem que trabalhar tanto do lado do consumo quanto do lado do fornecimento", disse.

O secretário também afirmou que não há qualquer perspectiva neste momento de melhoria no fornecimento de energia da Venezuela a Roraima, que com o agravamento da crise do país vizinho tem inclusive recebido uma onda de imigrantes venezuelanos.

(Com reportagem adicional de Diego Oré, em Caracas)

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