Brasil fecha número recorde de empregos formais em dezembro e encerra 2024 com saldo positivo de 1,694 mi vagas
BRASÍLIA (Reuters) -O Brasil fechou 535.547 vagas formais de trabalho em dezembro, no pior resultado para o mês da nova série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com início em 2020, e bem acima do esperado por analistas, mostraram dados divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
No ano fechado, marcado pela resiliência da atividade econômica, o país acumulou um saldo positivo de 1.693.673 postos, acima do saldo de 1.454.124 de vagas criadas no ano anterior.
O fechamento líquido de vagas em dezembro -- mês em que historicamente há mais desligamentos do que admissões -- superou a expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters de encerramento de 402.500 vagas.
Em dezembro, o dado foi fruto de 1.524.251 admissões e 2.059.798 desligamentos. No ano fechado, houve 25.567.248 admissões e 23.873.575 desligamentos.
Este foi o terceiro mês seguido em que o saldo do Caged piorou na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado de dezembro ainda foi o pior da série do Novo Caged, que contabiliza os dados a partir de 2020. Pela metodologia em vigor até 2019, que não é estritamente comparável, 2015 seria o primeiro ano com fechamento superior de vagas, de 614.393.
O resultado de dezembro se deu em meio a ciclo de aperto da política monetária por parte do Banco Central, iniciado em setembro diante da alta das expectativas de inflação em uma economia aquecida.
Na quarta-feira, a autoridade monetária elevou a taxa Selic em mais 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e confirmou a indicação de outra alta equivalente em março. Em seu comunicado, o BC citou que o mercado de trabalho tem apresentado dinamismo.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse ser "possível" que o fraco desempenho do mercado de trabalho formal em dezembro tenha sido resultado do aumento dos juros.
"Não dá para bater o martelo em sacramentar que foi os juros que causou isso. Não dá para ter essa convicção, o que eu digo é que é possível que tenha acontecido", disse em entrevista coletiva para a divulgação dos dados. "Pode ter influência dos juros? Claro que pode."
Sobre a perspectiva para o crescimento de vagas formais para 2025, Marinho, afirmou que deve seguir as mesmas tendências de 2023 e 2024. "Não esperamos coisa superior, mas também não esperamos coisa inferior".
O saldo de empregos formais em 2024 foi o melhor resultado anual desde 2022, que teve abertura de 2.014.424 vagas, segundo dados com ajustes.
Em dezembro, os cinco grupamentos de atividades econômicas registraram saldos negativos de vagas. O setor de serviços liderou a redução de vagas, com o fechamento 257.703 postos, seguido pela indústria, com 116.422 vagas a menos. Em último lugar, depois de construção e agropecuária, ficou o setor de comércio, com 25.084 vagas fechadas.
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