País lucra US$ 54 bi em trocas com nações-alvo de Bolsonaro
Presidente eleito e aliados criticam publicamente países com os quais Brasil tem superávit; dados são de 2017 e 2018
A balança comercial do Brasil com os países de alguma forma criticados pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, e sua equipe é positiva. De janeiro de 2017 a setembro de 2018, o saldo ficou em US$ 54,2 bilhões.
O Terra incluiu no levantamento Venezuela e Cuba, que têm governos de esquerda e são alvo frequente dos discursos de Bolsonaro. Desde quando era candidato, o político afirmava que em sua gestão as relações internacionais não seriam pautadas por afinidades "ideológicas". Ele se referia às escolhas dos governos petistas entre 2003 e 2016.
Também foram levados em conta os países do Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai), bloco econômico que o futuro super-ministro da economia, Paulo Guedes, disse não ser prioritário.
Ainda, foi incluída a China, país que mais importa do Brasil. Através de seu principal jornal estatal, os chineses disseram que Bolsonaro não foi "amigável” durante a campanha, e que isso poderá ter consequências econômicas.
O volume total de exportações do Brasil para esses seis parceiros comerciais no período foi de US$ 120,0 bilhões. As importações somaram US$ 65,8 bilhões. Mesmo na análise individual – por exemplo, Brasil - Argetina ou Brasil - China – todas as relações foram de sueprávit de 2017 até setembro de 2018:
- Brasil - Argentina: + US$ 9.949.424.293,00
- Brasil - China: + US$ 38.639.039.892,00
- Brasil - Cuba: + US$ 472.370.008,00
- Brasil - Paraguai: + US$ 2.386.663.426,00
- Brasil - Uruguai: + US$ 2.363.000.833,00
- Brasil - Venezuela: + 369.303.410,00
Os dados foram extraídos da plataforma Comex Stat, mantida pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
O comércio
O principal produto de exportação do Brasil para esses países é a soja. O grão rendeu US$ 40,3 bilhões, sendo quase a totalidade vindo de negócios com a China. O Brasil também vende produtos derivados, mas eles não estão incluídos nessa cifra.
No período, os chineses venderam para o Brasil US$ 2,0 bilhões em plataformas de perfuração ou exploração flutuantes ou submergíveis, principal ítem importado de lá por brasileiros. No segundo lugar estão peças para telefonia e telegrafia.
Para a Argentina, o os produtos mais exportados foram automóveis para até 6 passageiros. Foram US$ 4,0 bilhiões nesses objetos. A indústria automotiva é a estrela das exportações para os argentinos, tendo ainda outros produtos entre os mais comprados pelos vizinhos.
Da Argentina chegam princialmente veículos de carga movidos a diesel de até 5 toneladas. Por esses produtos, os importadores brasileiros pagaram US$ 2,6 bilhões no período. O segundo ítem da pauta é o trigo.
Os números de Cuba são bem mais modestos. O principal ítem de exportação para a ilha caribenha é a carne de frango em pedaços, no valor de US$ 97 milhões. O ítem de exportação cubano mais absorvido pelo mercado brasileiro foram produtos imunológicos, que somaram US$ 14,8 milhões.
Paraguaios importam principalmente adubos químicos e minerais. No período do levantamento, o Brasil faturou US$ 169,7 milhões vindos do Paraguai em troca desses produtos.
Jogos de fios para velas de ignição, e outros jogos de fios, foram o ítem de exportação paraguaio mais comprado, somando US$ 313,9 milhões.
O que o Brasil mais enviou, em valores, para o Uruguai foram óleos brutos de petróleo. Em troca, recebeu US$ 1,7 bilhão. O produto mais comprado foi malte não torrado, que rendeu US$ 209 milhões aos produtores uruguaios.
Para a Venezuela, em crise econômica crescente há anos, o que o Brasil mais exportou de janeiro de 2017 a setembro de 2018 foram açúcares de cana, no valor de US$ 175,4 milhões.
O produto venezuelano mais comprado pelo mercado brasileiro é a nafta, substância usada na indústria petroquímica. As vendas renderam US$ 158,8 milhões ao país vizinho.