Brasil perde mais de R$ 4 bilhões ao ano com carrapatos
Inimigo antigo da pecuária brasileira, o carrapato ainda desafia o produtor rural. Em 2002, estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revelou que o parasita acarretava prejuízos de 2 bilhões de dólares (aproximadamente 4 bilhões de reais) anuais nos rebanhos do País. Nos últimos anos, com o incremento do número de cabeças de gado, o carrapato causou perdas ainda maiores.
Segundo Renato Andreotti, doutor em biologia molecular pela Universidade Federal de São Paulo e pesquisador da Embrapa Gado de Corte, os números atualizados da ação dos carrapatos já estão consolidados, mas só serão divulgados após publicação do estudo. Na última década, adianta o pesquisador, a estimativa de prejuízos aumentou.
Essas perdas incluem gastos diretos e indiretos com parasitas. O mais conhecido, o carrapato-do-boi (o Rhipicephalus (Boophilus) microplus), acarreta a diminuição da produção de leite e carne, danos ao couro - provocados por reações inflamatórias nos locais de fixação do carrapato - e a transmissão de doenças entre os bovinos, como a tristeza parasitária. Há também o custo de aplicação e controle dos parasitas, que afeta a rentabilidade final.
“Fase de crise”
De acordo com o pesquisador, o cenário ainda apresenta um agravante: a aplicação incorreta de carrapaticidas aumentou a resistência dos parasitas, apesar do acúmulo de informações sobre o problema. Assim, Andreotti descreve a situação atual como uma “fase de crise”, afinal a maioria das bases químicas em uso já foram comprometidas.
O pecuarista deve, portanto, agir com cautela. Comprar o produto mais barato e utilizá-lo sem a devida técnica não dará o resultado esperado. “Alguém vai pagar o preço disso”, alerta Andreotti. Ele precisa, antes de tudo, descobrir qual é o carrapaticida mais adequado para a sua propriedade. Para isso, a Embrapa ajuda: gratuitamente, a unidade Gado de Corte examina amostras do carrapato e indica o produto que terá maior eficácia.
Como proceder
Depois de encontrar o químico correto, o produtor precisa ainda determinar o melhor período para o uso e aplicá-lo conforme as especificações do fabricante. A época mais indicada é quando o rebanho possui a menor carga parasitária. Essa condição ocorre nos meses mais quentes do ano nas regiões mais baixas e no segundo trimestre da estação seca nas regiões mais altas e mais secas.
Com essas definições, pode-se partir, finalmente, para a aplicação. De maneira geral, o sistema de banhos estratégicos constitui-se de uma série de cinco ou seis banhos, com intervalo de 21 dias entre cada um. Já no sistema "pour on", o intervalo deve ser de 30 dias. Assim, o produto poderá eliminar uma geração inteira de carrapatos do pasto e dos animais. Entre os cuidados necessários, está a indicação de que o gado devidamente banhado circule pelo campo. Isso porque 95% dos parasitas se encontram na pastagem.
A análise do parasita e informações mais detalhadas sobre o combate aos carrapatos podem ser obtidas em contato com a Embrapa Gado de Leite e com a Embrapa Gado de Corte.
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