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Clima colabora para liderança do Brasil em agrotóxicos

10 mai 2013 - 07h11
(atualizado às 07h11)
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No Brasil, algodão é o cultivo com mais químicos por hectare
No Brasil, algodão é o cultivo com mais químicos por hectare
Foto: Shutterstock

O mercado mundial de defensivos agrícolas cresceu 93% na última década. No Brasil, o incremento nesse período foi ainda maior: 190%. Com a elevação no uso, o País passou os Estados Unidos como maior consumidor mundial de produtos agroquímicos. Os números absolutos podem assustar, mas a situação é mais complexa: variáveis como o clima, o tamanho do território e uma doença da soja contribuem para a aplicação de agrotóxicos na agricultura nacional.

De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram utilizados 936 mil agrotóxicos na safra 2010/2011. Com esse montante, a indústria gerou R$ 14 bilhões, o que representa 19% do mercado global. Por hectare, o cultivo com mais químicos é o algodão. Os agrotóxicos também foram (e são) muito usados em soja, milho, tomate e hortaliças em geral.

Motivos

Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), proporcionalmente à área plantada, o País consome menos agroquímicos do que nações como Japão e França. Além disso, o clima e a ferrugem asiática, doença da soja que não existe nos Estados Unidos, colaboram para o uso elevado de defensivos. “No Brasil, tem-se clima favorável para a agricultura o ano todo, possibilitando 2,5 safras/ano. Isso aumenta significativamente a incidência de pragas, o que, por sua vez, aumenta a necessidade de controle”, explica o ministério. 

Segundo o Mapa, produtos para controle da ferrugem da soja representam 1/5 de todo o mercado de agrotóxicos no Brasil. “Isso faz com que o Brasil supere os EUA em número absoluto de uso”.

A fim de racionalizar do uso de bioquímicos, o ministério coloca em prática diversas medidas, como a facilitação de registros de produtos para agricultura orgânica e a priorização de registros de produtos biológicos, além do apoio aos estados da federação em iniciativas de educação sanitária, com cursos e palestras para produtores e trabalhadores que utilizam agrotóxicos.

Uvas ecológicas

Existem técnicas e métodos de cultivo que podem, em muitos casos, mitigar o uso de defensivos agrícolas. Um exemplo interessante é o caso do produtor de uvas Charles Venturin, de Caxias do Sul (RS), pioneiro na plantação de uvas “ecológicas”. 

Em 1996, após grandes prejuízos na safra, ele posicionou uma cobertura de plástico leitoso nos parreirais, que funcionou como uma espécie de estufa. “Nos demos conta que se podia reduzir muito a aplicação”, conta o agricultor. 

Depois de muitas tentativas, o plano deu certo. A cobertura instalada protegeu as uvas de mudanças climáticas, como excesso de chuvas, sol e granizo, bem como da entrada de animais indesejados no meio das plantações. Assim, na 18ª safra de uva ecológica, Venturin diminuiu o uso de agroquímicos em mais de 80%.

Ao todo, o produtor investiu R$ 80 mil por hectare, mas conseguiu agregar valor às uvas orgânicas. Hoje, sua empresa, a Venturin Uvas Finas, vende o quilo por R$ 5,50/kg. Com o resultado, a história de sucesso das uvas da família chegou a fazer parte do desfile da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, do Rio de Janeiro.

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