Com incentivos, produtor rural opta por maquinário nacional
Com a alta do dólar, a facilidade em obter financiamento no País e a incidência de tributos, o produtor brasileiro tende a comprar máquinas agrícolas nacionais. Conforme avaliação do consultor em agronegócios Carlos Cogo, a importação de maquinário rural se torna mais cara e se restringe, cada vez mais, a equipamentos específicos. Segundo ele, o produto nacional é de qualidade similar à do estrangeiro.
Mesmo em período de safras recordes, o mercado interno de máquinas agrícolas supre a demanda do setor agropecuário. Para esse cenário, colabora a presença, no País, de plantas das maiores fabricantes do mundo. Segundo Cogo, o Brasil é líder em tecnologia agrícola ao lado de potências do setor, como Estados Unidos e Europa. Com um diferencial: o crescimento apresenta taxas excepcionais, que se aproximam dos 10% nas vendas. “As montadoras se interessam pelo mercado brasileiro e desenvolvem tecnologias para ele”, avalia.
De janeiro a maio de 2013, entraram no Brasil 606 tratores importados, enquanto os fabricantes nacionais negociaram, no mesmo período, 25.916 unidades. A importação responde, nesse caso, por apenas 2,3% dos negócios. Com relação a colheitadeiras, houve movimento semelhante: 97 unidades importadas e 3.328 vendidas internamente.
Por outro lado, nas exportações, foram negociados, nos primeiros cinco meses do ano, 4.151 tratores e 460 colheitadeiras. “Somos um exportador líquido: vendemos muito mais do que compramos”, diz Cogo.
Especificidade
Conforme o consultor, a importação de máquinas agrícolas, quando acontece, se dá por um produto específico. Como exemplo, ele cita a colheitadeira de algodão, cuja produção no país é feita por somente uma planta. “Pode, eventualmente, ter uma demanda superior ao que está na linha de produção e precisar importar, mas não é comum”, indica.
Outra situação é a compra no exterior dos chamados supertratores, veículos gigantes, de 300 a 350 cavalos. Cogo afirma que, quando isso ocorre, geralmente são adquiridas poucas unidades por um mesmo grupo econômico e as máquinas são trazidas de fora para testar sua receptividade e comportamento no mercado brasileiro. “Não faz sentido ter uma linha de montagem de um trator gigante se 90% das vendas são para veículos entre 100 e 200 cavalos”, explica.
Para o consultor, quando o produtor tem a necessidade de importar, opta por marcas conhecidas e que já têm bases estabelecidas no país. Assim, ele procura as concessionárias para intermediar o negócio. “Uma máquina agrícola precisa ter um concessionário permanentemente disponível, com peças disponíveis, pois há uma janela curta para plantar e colher. Ele não pode ficar esperando por algum item por 60, 90 dias. Isso restringe o mercado”, considera.
Financiamento
Outra vantagem do produto nacional está no financiamento, explica Cogo. O Programa de Sustentação do Investimento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é válido apenas para maquinário nacional e oferece taxas de 3% ao ano (será de 3,5% a partir de 1º de julho). “Dificilmente, alguém abriria mão de comprar uma máquina nacional com um juro desses”, conclui.