Manejo racional do gado aumenta rendimento da carne
Cada vez mais, pecuaristas percebem que a qualificação da relação entre o gado e o peão acarreta importante retorno financeiro. Alcançar o manejo racional depende, muitas vezes, de técnicas simples que promovem o bem-estar do animal ao mesmo tempo em que valorizam a presença do profissional boiadeiro.
Para disseminar esse entendimento, eventos específicos cumprem papel fundamental. Nesta quinta-feira, ocorre curso sobre o tema em Guairaçá/PR, promovido pelo Centro Experimental de Manejo Racional e Produtivo. Já entre os dias 11 e 13, em São Paulo/SP, o Workshop Internacional sobre Bem-Estar dos Animais de Produção terá palestrantes brasileiros e estrangeiros, numa parceria entre Ministério da Agricultura e Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, sigla para o nome em inglês).
Benefícios
Conforme o médico veterinário Renato dos Santos, que ministra o curso no Paraná, quando a fazenda investe na qualificação dos profissionais, para conscientizá-los da importância do bem-estar do gado, ocorrem benefícios diretos na produtividade. Entre eles, a redução no número de animais doentes, além da queda na mortalidade e nos custos com medicamentos.
Santos indica que a melhora na relação entre boi e boiadeiro promove mudanças no comportamento dos animais, que se tornam menos reativos e, assim, necessitam de menos mão de obra para conduzi-los. “A infraestrutura não é tão danificada, o que reflete em menos gastos com concertos e manutenção”, considera.
Para o veterinário, o ganho principal aparece no dia do embarque, com o melhor rendimento de carcaça em consequência de menor agressividade de manejadores e animais. Ele menciona estudo da Embrapa Gado de Corte que aponta aumento de 2,5% no rendimento da carcaça com mão de obra capacitada.
Segundo Santos, esse é um índice de fácil alcance e representa uma arroba a mais em um animal de 500 quilos - média do peso dos animais no abate. “Algo em torno de R$ 100,00 a mais por boi”, acrescenta.
Importância
O curso ministrado pelo veterinário pretende oferecer a oportunidade de conhecer o que há de mais moderno em equipamentos e técnicas de manuseio de animais em curral. E também promover o interesse pelo tema, ainda pouco procurado pelos pecuaristas. Segundo Santos, falta, às vezes, o discernimento de que a sua fazenda é uma empresa que pode gerar lucros não apenas financeiros, mas também sociais. “Capacitar mão de obra é ter um negócio possível de ser sustentável”, defende.
Para ele, o principal equívoco no manejo se relaciona a peões com receio por não conhecerem o comportamento animal e suas reações. Assim, tornam-se indivíduos que utilizam o próprio medo como ferramenta, agredindo de forma desnecessária, lesionando os animais e convivendo constantemente em risco de acidente.
“A forma mais adequada é conhecer a espécie que se vai manejar. Entender suas reações e evitar o confronto, sendo amigo e não inimigo, sendo parceiro e não caçador”, finaliza.