Nova cultivar de cevada pode ampliar produtividade em 10%
A Embrapa Trigo apresentou, no fim de maio, uma nova cultivar de cevada cervejeira. A BRS Itanema foi lançada em parceria com a Malteria do Vale para atender à demanda nos cultivos irrigados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.
Conforme Euclydes Minella, pesquisador melhorista da Embrapa Trigo, as sementes serão produzidas em 2013 e deverão chegar à lavoura no ano seguinte. Também serão desenvolvidos grãos para validação industrial da qualidade de malte e, possivelmente, de cerveja, pela empresa Malteria do Vale, de Taubaté/SP.
Estima-se que a BRS Itanema possa contribuir para o aumento de, pelo menos, 10% na produtividade da lavoura irrigada em substituição às cultivares atualmente em uso. Para o produtor, informa o pesquisador, ela pode significar cerca de 500 quilos a mais por hectare, aumentando a lucratividade do negócio.
Como possui maior produtividade e precocidade em relação às cultivares atuais, a BRS Itanema deve servir de incentivo ao aumento da área cultivada, contribuindo para o crescimento da produção nacional. “Na região de cultivo irrigado, a demanda atual supera 150.000 toneladas de cevada, enquanto a produção atende menos de 10% da necessidade”, explica Minella.
O cultivo
Conforme o pesquisador, nos níveis atuais de rendimento e de qualidade das cultivares disponíveis no Brasil, é perfeitamente viável a expansão da produção desse cereal no País. Para que a nova cultivar atinja alto potencial de rendimento, no entanto, ela deve ser manejada adequadamente.
Minella explica que o produtor deve semear em áreas com solo corrigido quanto à acidez e de boa fertilidade. Também é importante observar a época indicada, a densidade correta de sementes por unidade de área e a profundidade da semente na operação do plantio. “Os cuidados maiores deverão ser com a irrigação, para não pecar por excesso ou falta de água e com a proteção contra pragas e doenças”, indica.
O método
A nova cultivar foi gerada pelo método da dupla-haploidização via cultura em vitro das anteras de plantas híbridas em F1. Com o método, são obtidas novas linhagens homozigóticas em apenas um ano - bem mais rápido se comparado ao sistema convencional de melhoramento varietal que, com o avanço de uma geração por ano, leva pelo menos seis anos em cevada. “O cruzamento entre os parentais objetivou precocidade, porte baixo, alto potencial de rendimento e qualidade cervejeira para a produção irrigada”, conclui Minella.