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Novas pragas são desafio para agricultores brasileiros

20 mai 2013 - 07h14
(atualizado às 07h14)
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O Brasil já é um país conhecido justamente pelo alto uso de agrotóxicos, decorrente do clima tropical – mais propício para a criação e a sobrevivência das pragas. Em 2013, porém, novos pesadelos têm tirado o sono dos agricultores. E resistido aos avanços de defensivos agrícolas.

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estavam intrigados com uma praga que tem se multiplicado nas lavouras de algodão baianas. Em um primeiro momento, a devastadora lagarta foi confundida com a praga do milho (Helicoverpa Zea), mas se tratava de outra larva.

Conheça as novas inimigas da lavoura:

Helicoverpa Armigera

O biólogo Alexandre Specht revela que, a olho nu, as duas lagartas são iguais. É a primeira vez que a Helicoverpa Armigera foi encontrada nas Américas. Foi vista antes na Austrália, Portugal, Grécia, China e Índia. Ela foi capaz de reproduzir-se em lavouras de soja, milho e algodão do Mato Grosso, Distrito Federal e Paraná. Só que os pesquisadores da Embrapa não fazem ideia de como ela veio parar no País. 

Para combater o problema, o Ministério da Agricultura autorizou o uso do inseticida Benzoato de Emamectina, que serve para as lavouras de algodão. Ele pode ser importado a partir deste mês. Segundo o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, porém, nem sempre o uso de químicos resolve: “Elas já desenvolveram resistência. Esse manejo está complicado, e temos que pesquisar mais”. 

Outras culturas que podem ser afetadas são sorgo, granífero, painço, girassol, cereais de inverno (trigo, aveia, cevada e triticale), linhaça, grão-de-bico, feijão e culturas hortícolas, como cerejas, tomate, pepino e frutas cítricas. Para evitar, outra recomendação da Embrapa é não cultivar na mesma terra a mesma espécie de planta em diferentes estágios de desenvolvimento.

Helicoverpa Zea

A ação da largarta-da-espiga do milho acarreta grandes perdas econômicas. Segundo dados do Ministério da Agricultura, 96,3% das lavouras de milho no Brasil foram atacadas pela lagarta. Como consequências, mais de 8% dos grãos são danificados e 2,1%, comidos (perda total). É uma mariposa que ataca colocando ovos nas plantas de milho. Os filhotes se alimentam dos cabelos do grão, que podem acabar não se formando completamente ou apodrecendo. A vida do inseto pode durar de 40 a 45 dias. 

O combate à Helicoverpa Zea pode ser realizado com o controle químico ou biológico.  Além dos inseticidas, pesquisadores indicam o uso de predadores e parasitoides. O mais conhecido é a tesourinha (Doru luteipes), um inseto que coloca seus ovos nas primeiras camadas de palha da espiga. 

Bemisia tabaci

Outro inseto que intriga pesquisadores é a mosca-branca, a Bemisia tabaci. De acordo com Adeney Bueno, pesquisador da Embrapa Soja, a praga aparece de forma muito ocasional. Por isso, faltam informações sobre ela, e ainda não existe controle eficaz.

A praga também compromete a soja, hortaliças e outras culturas, com danos maiores ao feijão. Ela aparece especialmente no Nordeste do Brasil, principalmente na Bahia, devido ao clima quente, e se espalha por Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais.

Em muitos casos, a planta tolera por muito tempo o inseto. Os danos são causados quando o inseto excreta nas folhas uma substância que favorece a formação de fumagina, que reduz a captação dos raios solares e a taxa fotossintética das plantas. 

Mas inseticidas específicos não adiantam, avisa o pesquisador. O melhor seria usar os métodos de controle dos percevejos da soja. Ou, em áreas de cultivo intenso, deixar de variar tanto culturas que também são sensíveis à mosca-branca, como feijão e tomate. “O uso de inseticidas específicos para a mosca-branca é muito caro e pode ser muito agressivo e ineficiente. Não vale a pena”, explica Bueno.

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