Novos silos aumentam a capacidade de armazenagem de grãos
A armazenagem de grãos é o destaque do Plano Safra, anunciado em 4 de junho pelo governo federal. Apenas para a construção de novos armazéns privados nos próximos cinco anos, está prevista a destinação de R$ 25 bilhões. Logística falha, más condições das estradas e, especialmente, o grave déficit de armazenagem são as razões elencadas para as perdas qualitativas e quantitativas na produção de grãos, de 20 a 30% entre a colheita e a exportação no Brasil.
Inovações na indústria de silos buscam qualificar esse mercado. Durante a 20ª edição da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), em maio, houve uma série de lançamentos, inclusive dos chamados super silos, com grande poder de armazenagem. Para o presidente da Agrishow, Maurilio Biagi Filho, a justificativa está na safra recorde - 184 milhões de toneladas de grãos - e também nas dificuldades logísticas para escoá-la.
Biagi entende que um dos grandes desafios da agricultura brasileira é o gargalo logístico que dificulta a chegada dos insumos e aumenta a imprevisibilidade dos prazos. “A capacidade de armazenamento cada vez maior é uma tendência e um diferencial dos lançamentos de silos”, considera.
Entre os fabricantes, essa também é a aposta. Felipe Maciel, gerente de marketing da Kepler Weber, acredita que os silos de maior capacidade ganharão espaço no mercado para atender à demanda gerada pelo crescimento contínuo das safras.
A empresa apresentou na Agrishow uma nova categoria de silos, passando de 105 para 156 pés e alcançando uma capacidade de armazenamento de 25,6 mil toneladas. Conforme Maciel, as principais inovações incluem também segurança operacional, sistemas que permitem menores perdas, condições ideais de conservação e armazenagem, adequação às normas e garantia de maior vida útil e resistência física do equipamento.
Destaques
Ao analisar os melhores silos do mercado, o diretor de Vendas e Marketing de Armazenagem de Grãos da GSI Brasil, José Luiz Viscardi, destaca a corrugação das chapas e o design dos montantes externos como itens que agregam valor ao produto e que permitem sua diferenciação, principalmente no que se refere à resistência.
Sobre tecnologias, ele salienta os itens acessórios que ajudam a monitorar a qualidade e a manter as propriedades do grão armazenado. É o caso do sistema de termometria automatizada, que controla a temperatura dos grãos por metro cúbico. Ao sinal de qualquer variação que ponha em risco a sua qualidade, um sistema de aeração é acionado. “Além disso, o produtor pode acompanhar o monitoramento da massa de grãos dentro do silo por meio de um software instalado em um computador”, explica.
Viscardi defende que adquirir um sistema próprio de armazenagem é um investimento alto, mas com retorno garantido. “O produtor ficará com o seu grão ‘em casa’, poderá negociá-lo no melhor momento e o manterá armazenado nas condições ideias. Sem dúvida, o sistema particular de armazenagem é uma tendência sem volta, que está sendo incentivada pelo próprio governo federal”, conclui.