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Plantas daninhas avançam com uso incorreto de herbicidas

6 jun 2013 - 07h02
(atualizado às 07h02)
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Cobertura de palhada é fundamental no manejo das plantas daninhas
Cobertura de palhada é fundamental no manejo das plantas daninhas
Foto: Embrapa

As plantas daninhas avançam sobre as lavouras brasileiras. Em cerca de dez anos, o número de relatos de resistência a defensivos agrícolas no Brasil aumentou em quatro vezes. Atualmente, são 31 casos detectados, envolvendo 22 espécies (há espécies com diferentes mecanismos de resistência).

De acordo com o agrônomo Leandro Vargas, doutor em Fitotecnia e pesquisador na área de plantas daninhas da Embrapa Trigo, mais grave do que a evolução é a sua tendência de continuidade. Ele afirma que a resistência se desenvolve a partir do uso inadequado dos herbicidas: deve-se usá-los de forma alternada, porém o mesmo herbicida não pode ser repetido no ciclo.

Vargas explica que os defensivos atuam como agentes selecionadores e, assim, o seu uso continuado irá selecionar algumas espécies na área. “Como o herbicida vai controlar as outras espécies e não afetar uma delas, esta terá espaço para crescer e se multiplicar, tornando-se predominante na área”, explica.

Atualmente, conforme o pesquisador, as principais culturas atingidas são a soja e o milho. Já entre as plantas daninhas, ele destaca a buva (Conyza canadenses, Conyza bonariensis, Conyza sumatrensis), o azevém (Lolium multiflorum), o capim amargoso (Digitaria insularis), o leiteiro (Euphorbia hetrphylla) e o picão preto (Bidens pilosa). Conforme a espécie, a resistência pode se dar ao glifosato ou aos herbicidas inibidores da enzima ALS.

Lavouras de soja estão entre as principais vítimas da buva
Lavouras de soja estão entre as principais vítimas da buva
Foto: Embrapa

Aplicação

Conforme Vargas, outros equívocos no uso de defensivos incluem a dosagem abaixo da indicada na bula, a aplicação do herbicida em estágios avançados de crescimento das plantas daninhas ou em condições ambientais inadequadas (umidade relativa abaixo de 50%, temperatura acima de 30 graus e dias com vento acima de 10 km/h) e a escolha do produto incorreto.

Como boas práticas, ele recomenda planejar o controle a longo prazo. “O herbicida que será usado na próxima safra se decide uma safra antes, observando as plantas que foram controladas com deficiência ou as que estão em maior número”, diz.

Ele também indica a necessidade de monitorar a área e eliminar plantas suspeitas de resistência antes da floração (evitando que produzam sementes), além de fazer a rotação de mecanismos herbicidas na área.

Custo

Ao mencionar o custo da resistência, o pesquisador cita o exemplo do Rio Grande do Sul, estado que tem mais de 80% das áreas com buva e azevém resistentes ao glifosato. O controle das duas espécies exige dois herbicidas diferentes, o que resulta em um gasto superior a R$ 500 milhões apenas em solo gaúcho. “Quem paga é o produtor e o ambiente, pois aumenta a quantidade de veneno aplicado”, finaliza.

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