Projeto promove intercâmbio com agricultura sustentável
Um intercâmbio cultural para interessados em agricultura orgânica. Essa é a proposta do World Wide Opportunities on Organic Farms (WWOOF - Oportunidades Globais em Fazendas Orgânicas, em português), projeto criado em 1971 e hoje presente em 51 países.
A iniciativa promove o elo entre fazendas orgânicas e interessados na experiência do trabalho no campo. Os anfitriões recebem mão-de-obra. Os voluntários ganham experiência. No processo, os voluntários aprendem as mais variadas técnicas de manejo rural, tanto em agricultura quanto em pecuária, e os produtores rurais fornecem aos participantes alojamento e comida.
A organização cobra dos participantes do programa uma taxa annual para cobrir os gastos para transmitir a metodologia e para alocar os voluntários. No caso do Reino Unido, onde a organização começou e é considerada legalmente uma caridade, são cobradas 20 libras dos alojados e 30 libras dos anfitriões.
Mas a WWOOF de cada país define livremente a forma de operar. A franquia australiana, por exemplo, optou por ser uma empresa, solicitando uma taxa de US$ 60 (R$ 120) anuais.
Impacto mínimo
De acordo com James Dennis, relações públicas da WWOOF do Reino Unido, os trabalhos podem variar muito, bastando unir os interesses de fazendeiros e intercambistas, sempre com o viés orgânico. Há voluntários que escolhem, por exemplo, produzir cerveja. Outros preferem se especializar no cuidado de bodes. A principal orientação que norteia o programa é que as fazendas não usem produtos químicos.
“Somos muito abertos. Há gente trabalhando com tomates. Você pode trabalhar em uma casa com uma horta ou um latifúndio, mas promovemos a agricultura orgânica, seguindo os princípios da IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica). Tentamos gerar um impacto mínimo no ambiente”, resumiu ao Terra Dennis.
O início
Tudo começou em 1970, quando Sue Coppard trabalhava como secretária na Academia Real das Artes, em Londres. Ela percebeu que todos os seus amigos e sua família moravam na cidade e haviam perdido a conexão com o meio rural.
Sue decidiu resgatar a conexão com o campo e passar o tempo em uma fazenda. Ela conheceu três outros londrinos em uma faculdade de agronomia. Eles decidiram trabalhar em uma fazenda no terceiro final de semana de cada mês em troca de acomodação e alimentação em East Sussex, no sul da ilha. Sue e seus amigos adoraram a experiência e decidiram difundi-la, fundando a Working Weekends On Organic Farms - como primeiro foi chamado o projeto - um ano depois.
O primeiro país a receber uma franquia da WWOOF foi a Nova Zelândia em 1974. E assim o movimento foi se espalhando globalmente. Atualmente, a WWOOF tem seis mil anfitriões em todo o mundo. O mais recente país a ter uma franquia da organização foi a África do Sul.
No Brasil
O Brasil aderiu ao programa em 2008. Atualmente, o país já conta com 95 anfitriões e mais de 200 voluntários. As ofertas de intercâmbio incluem uma fazenda com foco em permacultura no Ceará, um pequeno sítio orgânico em São Paulo, uma fazenda com projeto de bioconstrução em Goiás, entre outras.
Experiência extraordinária
Segundo Dennis, a ideia é fácil de colocar em prática por conta da grande necessidade de mão-de-obra de pequenos agricultores. “Os pequenos agricultores adeptos da agricultura orgânica precisam de muita gente. Eles não usam sprays e raramente usam tratores. Assim, os trabalhadores são sempre bem-vindos. Para os voluntários, essa experiência em um país diferente nas férias pode ser extraordinária”, explicou.