Seguro rural protege produtor das adversidades climáticas
A severidade do clima, que se manifesta de diversas formas nas diferentes regiões do País, apresenta ameaça financeira ao produtor agrícola. Então, para resguardar seu patrimônio, ele tem o seguro rural como alternativa.
Embora o acesso à proteção nem sempre seja fácil, especialmente para o pequeno produtor, o seguro é uma das maneiras mais viáveis e baratas de transferir o risco e proteger o empreendimento agrícola. Essa é a avaliação do engenheiro agrônomo Cláudio Silveira Brisolara, chefe do Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo e pesquisador do Centro de Estudos em Gestão de Seguros e Riscos.
De acordo com Brisolara, a suscetibilidade e a resistência às intempéries climáticas mudam conforme a cultura e a região, o que implica em mensurar o risco seguindo essas variáveis. Como exemplos, ele cita que a cultura da soja é mais resistente à seca do que o milho e que frutas e hortaliças em estágio final de maturação são extremamente sensíveis à chuva, vento e granizo. “Há inúmeras culturas para as quais o seguro é importantíssimo e o seu benefício é imenso”, avalia.
Intempéries podem acarretar grandes prejuízos, os quais seriam evitados com a contratação de um seguro. Brisolara lembra o caso de um produtor de soja da região de Guaíra/PR, que teve perda total na lavoura devido a uma tromba d’água. O seguro possibilitou pagar os insumos adquiridos para o plantio, o que o manteve na atividade sem carregar dívidas para a safra seguinte.
O pesquisador considera, no entanto, que há casos em que pode ser difícil o acesso à proteção, em razão da menor escala de produção e da restrição de recursos à subvenção. Seguradoras que operam com hortaliças e frutas - atividades costumeiramente empreendidas por pequenos produtores - não conseguem recursos para subsidiar o prêmio, o que inviabiliza a operação para o produtor. “O Proagro é uma forma alternativa de gerenciamento de risco pelo pequeno produtor que pode ser mais atrativa nesses casos, embora a cobertura seja diferente”, pondera.
Taxa
Conforme Brisolara, a taxa de prêmio varia de acordo com a cultura, localidade, época de plantio e nível de cobertura escolhido. O seguro mais comercializado, de produtividade em função de fenômenos climáticos, fica entre 2% e 10%, considerando olerícolas, grandes culturas e nível de cobertura entre 60% e 75%. “O fato é que a subvenção reduz o custo para o produtor e há uma grande oportunidade para redução dessas taxas no Brasil na medida em que o seguro seja mais utilizado”, considera.
Ele refere ainda que o apoio do governo se dá, essencialmente, via subvenção ao prêmio pago pelo produtor rural. “O governo federal subvenciona de 30% a 70% do prêmio, dependendo da atividade agropecuária”, afirma.
Alguns estados, como São Paulo, Paraná e Minas Gerais, concedem subvenção adicional à federal. Em São Paulo, há também cidades com lei municipal para essa finalidade. “Somando essas subvenções, consegue-se reduzir consideravelmente o prêmio pago pelo produtor. Isso fomenta o uso do instrumento e permite o amadurecimento do mercado de seguros no país”, conclui.