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Brasil tem superávit comercial de US$7,5 bi em março e governo piora projeção para 2024

Se confirmada a nova projeção, o ano será encerrado com um saldo comercial 25,7% abaixo do observado em 2023

4 abr 2024 - 15h09
(atualizado às 16h59)
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Cargueiro de soja dos EUA no Porto de Paranaguá
REUTERS/Rodolfo Buhrer
Cargueiro de soja dos EUA no Porto de Paranaguá REUTERS/Rodolfo Buhrer
Foto: Reuters

A balança comercial brasileira registrou superávit de 7,483 bilhões de dólares em março, segundo dados do governo divulgados nesta quinta-feira, com recuo significativo das exportações no mês.

Também nesta quinta, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) piorou sua projeção para o saldo comercial em 2024, passando de um resultado positivo de 94,9 bilhões de dólares previsto em janeiro para um superávit de 73,5 bilhões de dólares.

Se confirmada a nova projeção, o ano será encerrado com um saldo comercial 25,7% abaixo do observado em 2023, quando ficou positivo em 98,9 bilhões de dólares.

De acordo com o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão, a revisão reflete um cenário de juros elevados globalmente, o que deprime a demanda, e fatores de risco como a crise na Argentina, mas tem como principal justificativa a queda nas cotações de produtos no mercado internacional.

"Os preços das mercadorias estão em queda, principalmente os bens agrícolas, o petróleo está com leve queda, o minério de ferro está com leve queda, são os três principais produtos que o Brasil exporta, então o preço é determinante", disse.

A piora na perspectiva para este ano foi influenciada por uma previsão de exportações mais fracas, de 332,6 bilhões de dólares, contra 348,2 bilhões de dólares estimados em janeiro.

Ao mesmo tempo, o MDIC vê 259,1 bilhões de dólares em importações neste ano, acima dos 253,8 previstos há três meses, revisão motivada pela expectativa de uma atividade mais aquecida e um aumento de renda dos trabalhadores no Brasil, segundo Brandão.

Para a corrente de comércio, que soma exportações e importações, a projeção foi revisada para 591,7 bilhões de dólares, contra estimativa anterior de 602,0 bilhões de dólares.

Brandão ressaltou que os preços das mercadorias são muito voláteis e o desempenho da balança também dependerá dos embarques da safra agrícola, que terão maior volume até o fim do semestre. Os dois fatores, segundo ele, podem determinar novas revisões das estimativas nos próximos meses.

MARÇO

O saldo positivo de 7,5 bilhões de dólares em março ficou acima da estimativa apontada em pesquisa da Reuters com economistas, que apontava expectativa de saldo positivo de 6,9 bilhões de dólares para o período.

O desempenho da balança comercial no mês passado foi 30,4% mais fraco do que os 10,8 bilhões de dólares de saldo registrados em março de 2023. O valor das exportações caiu 14,8%, a 27,980 bilhões de dólares, enquanto as importações caíram 7,1%, a 20,498 bilhões de dólares.

Brandão afirmou que a comparação entre os saldos apresentou grande diferença porque março de 2023 registrou recorde histórico no valor dos embarques de produtos ao exterior.

No mês, houve queda nas exportações nas três grandes áreas acompanhadas, com recuo de 23,9% na indústria extrativa, puxado por perdas nas vendas de petróleo, 20,8% na agropecuária, que reduziu as vendas de soja, e 6,2% na indústria de transformação.

Os dados da pasta mostraram ainda que o saldo comercial acumulado no primeiro trimestre foi de 19,079 bilhões de dólares, 22,2% maior que o observado no mesmo período de 2023. O desempenho foi resultado de exportações de 78,272 bilhões de dólares e importações de 59,194 bilhões de dólares.

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