Brasil vai crescer mais do que previsões do FMI, diz Lula
Presidente também defendeu Marcio Pochmann no IBGE e fez elogios para Simone Tebet, ministra do Planejamento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira, 1º, que está "muito confiante" com os dados recentes sobre a economia brasileira e que o Produto Interno Bruto (PIB) do País vai crescer acima de todas as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Eu sou mais otimista... Eu estava em Hiroshima e falei para a diretora-geral do FMI 'você vai se surpreender com o Brasil. É bom vocês não ficarem citando números do Brasil'. O Brasil vai crescer mais do que as previsões do FMI", disse.
Durante live semanal em suas redes sociais, Lula ainda afirmou que a melhora da situação econômica do Brasil vai deixar as pessoas mais otimistas e que a riqueza gerada precisa ser distribuída por toda a população. "Nós vamos colher muita coisa nesse País, porque nós plantamos corretamente, estamos adubando corretamente e o dinheiro vai circular na mão de milhões de brasileiros."
O presidente anunciou que no próximo dia 11 vai ao Rio de Janeiro para o lançamento da 3ª versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Na semana passada, o FMI melhorou com força sua estimativa para o crescimento da economia do Brasil neste ano depois do forte desempenho no primeiro trimestre, subindo para 2,1% a previsão para o crescimento do PIB de 2023, ante 0,9% na análise anterior.
O final de julho ainda trouxe a melhora da nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch, elevando a "BB", contra "BB-" antes. De acordo com relatório da Fitch, essa elevação reflete desempenhos macroeconômico e fiscal melhores que o esperado.
Lula defende Pochmann no IBGE e elogia Tebet
Lula também afirmou que não é aceitável tentar se criar "uma imagem negativa" de seu indicado para o presidir o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, e que o economista é "um técnico qualificado" que tem "consciência política".
"O Marcio Pochmann é um homem 100% íntegro", disse Lula durante live semanal em suas redes sociais. "Eu queria dizer ao povo brasileiro que se tiver 10 pessoas 100% idôneas neste país, uma é o Marcio Pochmann", acrescentou.
Atual presidente do Instituto Lula e ex-presidente da Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT, Pochmann também comandou o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) durante governos petistas e foi alvo de críticas pelo que alguns consideraram uma gestão "ideológica" da instituição.
Lula descartou que, no comando do IBGE, responsável por exemplo pela medição do IPCA, índice de inflação que baliza a meta buscada pelo Banco Central, Pochmann possa atuar para manipular dados, como chegou a ser aventado por críticos da indicação.
"Os fascistas estão dizendo 'ah, mas ele vai manipular dados a favor do governo'. Vou falar uma coisa para vocês, quem tem uma história nesse país como a que vocês me ajudaram a construir não vai precisar manipular dado para poder fazer as coisas nesse país. Quanto mais verdadeiros forem os dados, melhor para quem governa", assegurou.
Lula disse que a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, sabia "há muito tempo" que seu escolhido para comandar o IBGE seria Pochmann. Na semana passada, Tebet afirmou, horas antes de a escolha de Pochmann ser confirmada, que uma troca no comando do IBGE seria um "desrespeito" com o atual ocupante do cargo e que não havia discutido o assunto com o presidente.
Após a confirmação da escolha de Pochmann, a ministra disse que acataria qualquer que fosse a escolha de Lula, que se reuniria com Pochmann - a quem afirmou não conhecer - e que não faria pré-julgamentos sobre o economista. O IBGE está subordinado à pasta comandada por Tebet.
"A Simone Tebet sabe que o Marcio Pochmann é o meu escolhido há muito tempo e com toda a clareza ela ponderou que era importante terminar o Censo, fez o Censo, terminou o Censo, agora o Marcio Pochmann toma posse como diretor do IBGE. É só isso", disse Lula em sua live semanal.
Ao mesmo tempo, Lula elogiou Tebet, classificando-a de "uma das coisas boas que aconteceu no meu governo".
"Quero só dizer o seguinte: a Simone não tem nada a ver com isso. A Simone é uma das coisas boas que aconteceu no meu governo, ela é de muita qualidade, de muita seriedade e de muito compromisso com esse país", disse.
"Tentaram até inventar briga. 'Porque o Lula passou por cima da Simone, o Lula atropelou'. Primeiro que o presidente nunca atropela, o presidente faz o que tem que fazer. Mas eu não atropelaria porque não é o meu jeito de fazer política", disse.
Lula diz que perdeu confiança no MP e escolherá próximo PGR com "pente fino"
O presidente comentou ainda que escolherá o próximo Procurador-Geral da República "no momento certo" e com mais "critério e pente fino", após perder a confiança no Ministério Público devido às ações tomadas pela força-tarefa do órgão no âmbito da operação Lava Jato.
"Vou escolher (o próximo PGR) no momento certo e na hora certa. Vou conversar com muita gente, vou ouvir muita gente, vou atrás de informações... Tudo isso é um problema meu e quando eu tiver um nome, eu indico", disse Lula durante live semanal em suas redes sociais.
"Eu sempre tive o maior respeito pelo Ministério Público. Depois dessa quadrilha que o (chefe da força-tarefa, Deltan) Dallagnol montou, eu perdi muito a confiança. Eles fizeram a sociedade refém por muito tempo. Então, obviamente, eu vou escolher com mais critério e pente fino para não cometer um erro", acrescentou.
Desde o início do mandato, o presidente tem sinalizado que não manterá a prática adotada em seu primeiro mandato de indicar para PGR um nome da lista tríplice elaborada em eleição organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que representa os membros do Ministério Público Federal (MPF). Em seus dois mandatos, Lula escolheu o mais votado pela categoria.
Em março, Lula disse que escolher um PGR pela lista tríplice "nem sempre resolve o problema" e que não consideraria os nomes mais votados pelos procuradores da República devido à "irresponsabilidade" da força-tarefa da Lava-Jato.
O mandato do atual procurador-geral, Augusto Aras, termina em setembro deste ano. Ele foi indicado ao cargo duas vezes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
A escolha do próximo PGR têm levantando discordâncias entre membros do governo, com alguns elogiando abertamente a atuação de Aras no cargo, enquanto outros indicam a necessidade de um novo nome desvinculado ao governo anterior.
No mês passado, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse reconhecer o trabalho que Aras fez para restituir a "normalidade" após o uso do "ativismo judicial" da Lava Jato para "perseguir" pessoas.
Lula esteve entre os condenados pela Lava Jato, sendo preso por 580 dias entre abril de 2018 e novembro de 2019 pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Suas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021. A corte apontou "incompetência" da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba para julgar os processos envolvendo Lula.
Por outro lado, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou na semana passada que a indicação de Aras para um novo mandato seria "um desastre". Aras é criticado por não dar andamento a investigações contra Bolsonaro e aliados após as apurações da CPI da Covid, na qual Tebet teve papel de destaque enquanto senadora.
Quando Lula definir o indicado à PGR, caberá ao Senado sabatinar o escolhido e aprovar o nome em plenário. (*Com informações da Reuters)