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Brics abrem novo ciclo com banco e fundo de reservas

8 jul 2014 - 16h17
(atualizado às 16h17)
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<p>Os cinco pa&iacute;ses que formam os Brics chegaram a um amplo consenso sobre a cria&ccedil;&atilde;o do banco de desenvolvimento de US$ 100 bilh&otilde;es, embora algumas diferen&ccedil;as permane&ccedil;am</p>
Os cinco países que formam os Brics chegaram a um amplo consenso sobre a criação do banco de desenvolvimento de US$ 100 bilhões, embora algumas diferenças permaneçam
Foto: Petar Kujundzic / Reuters

Os países que integram o Brics iniciarão um novo ciclo de sua história com a criação de um banco de fomento próprio e de um fundo de reservas, durante a cúpula de líderes que acontecerá na próxima terça-feira em Fortaleza. "Desde o surgimento dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em 2009 o diálogo do grupo ganhou em profundidade e extensão, mas agora abrimos um novo ciclo com a criação de dois mecanismos financeiros próprios", disse nesta terça-feira o subsecretário político do Itamaraty, José Alfredo Graça Lima, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro.

O Banco de Desenvolvimento dos Brics, como tem sido chamado, será um órgão de fomento para financiar projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento, e o Acordo de Reservas de Contingência (CRA), uma espécie de fundo de estabilização econômica para ajudar países em crises financeiras, serão formalizados na VI Cúpula dos líderes dos Brics. Os dois mecanismos serão o principal resultado do encontro entre os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff; da China, Xi Jinping; da Rússia, Vladimir Putin, e da África do Sul, Jacob Zuma, e do primeiro-ministro da Índia, Nerenda Modri.

O banco de fomento terá inicialmente capital de US$ 50 bilhões, US$ 10 bilhões investidos de cada país, destinados ao financiamento de projetos de infraestrutura e para o desenvolvimento dos Brics, assim como de outros países em desenvolvimento, explicou Graça Lima. O fundo de reservas, que poderá ser utilizado pelos membros do Brics em "contingências financeiras", será dotado de US$ 100 bilhões, US$ 41 deles vindos da China; Rússia, Brasil e Índia com US$ 18 bilhões cada e África do Sul os US$ 5 bilhões restantes.

Segundo Graça Lima, o primeiro será um "espelho" do Banco Mundial e o fundo de reservas do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas ressaltou que os Brics não buscam competir com estes órgãos multilaterais, mas complementá-los. "A criação é uma resposta à falta de acordos para democratizar o Banco Mundial e o FMI, mas não só isso. É também uma demonstração da capacidade dos Brics, de que não dependem dos grandes organismos multilaterais", disse.

O diplomata brasileiro explicou que os dois mecanismos são os maiores instrumentos e instituições até agora estipulados pelo Brics dentre as 30 áreas de cooperação em que trabalham há cinco anos. Ele admitiu que, apesar desses avanços, o Brics continua limitado a um fórum de articulação política integrado por países diferentes, com interesses às vezes contraditórios e posições eventualmente conflitantes.

"É mais fácil definir o Brics pelo que não é do que pelo que é. O Brics não é uma organização internacional, não é uma área de livre-comércio, não é uma união aduaneira, mas é um espaço que se mostrou muito útil para os cinco integrantes", afirmou. "É um fórum que serviu para que os cinco países se conheçam melhor e para pressionar por uma nova ordem internacional e uma nova governança nas organizações multilaterais", afirmou.

Segundo Graça Lima, após ter nascido como um acrônimo, o Brics evoluiu política e economicamente, e serviu para permitir aos países emergentes conquistar mais influência na direção política internacional. Após a reunião em Fortaleza, os líderes dos Brics irão a Brasília para se reunir com os presidentes dos países da União de Nações Sul-americanas (Unasul), a quem exporão as vantagens do novo banco de fomento. Também em Brasília, na quarta-feira, acontecerá uma reunião de chefes de Estado e de governo de Brasil, China e do Quarteto da Comunidade de Estados Latino-americanos (Celac), integrado por Costa Rica, Cuba, Equador e um membro da Comunidade do Caribe.

EFE   
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