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Com bullying e Harry Potter, mulher cria empresa milionária

Julie Deane teve a ideia de abrir a empresa de bolsas Cambridge Satchel Company ao não conseguir encontrar pastas de couro no Reino Unido

11 jun 2015 - 05h23
(atualizado às 15h48)
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Julie Dean deu início ao "Império das Lancheiras" a partir da cozinha de sua casa
Julie Dean deu início ao "Império das Lancheiras" a partir da cozinha de sua casa
Foto: BBC

Quando soube que sua filha de oito anos, Emily, estava sofrendo bullying na escola, Julie Deane decidiu transferi-la, junto com o irmão, Max, para uma instituição de ensino particular na Grã-Bretanha, depois de não encontrar vagas em outros colégios públicos de sua região.

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Estabelecimentos particulares no país são caros, com mensalidades em torno do equivalente a R$ 5 mil; não é à toa que 93% da população adulta britânica tem educação estatal.

Para financiar os estudos, os Deane precisaram de renda extra. Mãe em tempo integral, Julie pesquisou possíveis trabalhos, mas sua epifania veio dos livros do bruxinho Harry Potter.

Ela lia as aventuras para os filhos e queria comprar para eles as pastas de couro que Harry e seus amigos usavam na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Mas nunca as encontrou à venda. Ou alguém que as fabricasse.

Foi daí que Julie resolveu abrir a Cambridge Satchel Company em 2008. A partir da mesa de sua cozinha e com o equivalente a R$ 2.500 em economias. Hoje, a empresa vende as bolsas e afins em mais de 100 países.

Seus produtos, todos fabricados no Reino Unido, são endossados por celebridades, como a cantora americana Taylor Swift.

A Cambridge Satchel Company tem faturamento anual de mais de R$ 60 milhões.

Tão interessante quanto o sucesso da empresa, no entanto, é o estilo de empreendedorismo de Julie.

Enquanto pesquisava um fabricante para terceirizar a produção das pastas, por exemplo, ela usou uma tática comuns em crianças mais insistentes para vencer a resistência de uma empresa rival em compartilhar informações.

"Queria saber o nome de um fabricante, mas ela (a empresa rival), recusava-se a me passar. Comecei a telefonar a cada 35 minutos, levando o diretor à loucura. Deu certo, e consegui nome".

A Cambridge Satchel Company tem uma loja na requintada região londrina de Covent Garden
A Cambridge Satchel Company tem uma loja na requintada região londrina de Covent Garden
Foto: Divulgação

Quando chegaram as primeiras bolsas, ela usou o chamado marketing de guerrilha para entrar em contato jornalistas e blogueiros de moda, como forma de promover os produtos. Logo, os pedidos começaram a se multiplicar, o que gerou desafios para a microempresa.

Investimentos

"Em menos de um ano, minha casa estava abarrotada de caixas. E havia centenas de pedidos em nosso site", lembra Julie.

A dificuldade em atender aos pedidos foi contornada com e-mails pedindo paciência. Um problema maior surgiu em 2012, quando a Cambridge Satchel Company teve de entrar na justiça contra uma empresa que copiou o design característico de seus produtos.

Desde 2011, a empresa tem uma fábrica na cidade de Wigston, na região central da Inglaterra. Sua linha de produtos inclui mochilas e capas de telefone celular. Os preços podem chegar a até R$ 1.300. A empresa tem escritórios na cidade universitária de Cambridge e emprega 100 pessoas. E, desde 2013, tem lojas em locais que incluem a requintada região de Covent Garden, em Londres.

Seus produtos são vendidos por lojas de departamentos ao redor do mundo.

Até o ano passado, o capital da empresa vinha somente do que Julie obtinha com as vendas, mas, desde então, a Cambridge Satchel Company recebeu cerca de R$ 70 milhões do um fundo de investimentos Index Ventures, para financiar sua expansão internacional.

"Tem sido uma viagem inacreditável", admite Julie.

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