Buy Now Pay Later precisa do Open Banking para se fortalecer
Com população acostumada a parcelar compras, sistema de pagamento oferecido por fintechs deve atingir pessoas sem histórico de crédito
O Buy Now Pay Later (BNPL) é um sistema oferecido por fintechs que permite adiar os pagamentos e dividi-los em parcelas, sem despesa adicional ou aprovação de uma instituição financeira externa.
De acordo com o Relatório de Pagamentos Globais, feito anualmente pela WorldPay, em 2021, o BNPL representou 2,9% das transações globais de comércio online. Espera-se que, em 2023, essa forma de pagamento chegue a 9% do total de gastos com e-commerce, e atinja 81,2% dos usuários no futuro. Em países latino-americanos como Chile, Peru, Colômbia, México e Equador, estima-se que o crescimento seja superior à média global.
“No Brasil, ainda temos dúvida sobre a escala do BNPL, assim como na Argentina, pois as pessoas já estão acostumadas a parcelar pagamentos no cartão de crédito. E para avaliar os riscos de crédito dos usuários de fintechs, são necessárias informações mais precisas”, explica Anderson Vera Fernandes, Country Manager da Geopagos no Brasil, empresa de infraestrutura de aceitação de pagamentos digitais que está presente em 15 países da América Latina.
Obstáculos culturais e técnicos no Brasil
Na opinião de Anderson, será preciso superar alguns obstáculos culturais e técnicos para o sistema ter sucesso no país.
“Mas o Open Banking pode ajudar, já que permite o compartilhamento de dados com qualquer instituição financeira ou de pagamentos, que a partir disso conseguirá fornecer um modelo mais eficiente e fluido do que os bancos tradicionais”, esclarece o executivo da Geopagos.
A alta utilização do parcelamento com cartão de crédito foi alcançada porque as instituições financeiras tradicionais avaliam com grande precisão o risco de crédito de seus clientes.
“As empresas com modelos BNPL podem conceder financiamento às pessoas que não possuem histórico de crédito. Isso representa uma grande oportunidade para os jovens da geração Z e para todos aqueles sem histórico de crédito ou fora do sistema financeiro”, analisa Anderson Vera Fernandes.
O histórico financeiro do cliente nas fintechs
Mas o ponto de oportunidade para as fintechs pode ser também uma fraqueza, pois elas usam seu próprio algoritmo para determinar o risco de crédito de seus clientes, ou seja, não levam em conta todo o histórico de compras e o perfil financeiro que os bancos tradicionais construíram ao longo de anos.
“Quando o Open Banking estiver completo no sistema brasileiro, e as fintechs tiverem acesso a informações estruturadas sobre o risco de crédito dos usuários, que hoje estão nas mãos dos bancos tradicionais, a realidade será outra”, conclui Anderson.
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