BV tem lucro recorde no 3º tri e ROE alcança 15%
O banco BV reportou nesta segunda-feira o melhor resultado trimestral da sua história, com um lucro líquido de 496 milhões de reais no período de julho a setembro, salto de 73,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
O retorno sobre o patrimônio líquido recorrente atingiu o recorde de 15% no terceiro trimestre, de 9% um ano antes, segundo os dados divulgados pelo BV, que tem o Banco do Brasil e o conglomerado Votorantim como sócios.
"Esse é o novo patamar de rentabilidade estrutural do banco", afirmou o CEO do banco BV, Gabriel Ferreira, em entrevista à Reuters.
"A estratégia executada nos últimos anos foi dividida em três pilares e os três estão indo muito bem e nos dão confiança de que tem mais maturidade, mais resultado por vir à frente", acrescentou o executivo.
Esses pilares são a proteção do "core business" do banco, que é líder no segmento de financiamento de veículos usados há 11 anos, a diversificação de receitas e atuação no banco relacional, em que serve o cliente de forma bancária completa.
O executivo chamou a atenção para a velocidade de crescimento das receitas de serviço, 3,5 vezes maior do que a expansão das receitas de crédito tradicional.
"Isso melhora a qualidade estrutural do ROE, uma vez que receitas de serviço não alocam capital na magnitude que receitas de crédito alocam, explicou.
A margem financeira do BV cresceu 9%, para 2,4 bilhões de reais, expansão de 6,6% na margem com clientes e 30% na margem com o mercado.
As receitas com serviços e corretagem de seguros totalizaram 685 milhões de reais (+19,1%), em performance influenciada pelo resultado da BV corretora de seguros, atividade de coordenação e emissão de renda fixa da área de atacado e a expansão da Bankly.
A carteira de crédito somou 90,4 bilhões de reais, alta de 6%, com o financiamento de veículos leves usados somando 45,6 bilhões de reais, alta de 12,5% ano a ano. A linha de demais veículos (motos, pesados e novos) saltou 32,3%.
A originação de financiamento de veículos leves usados e demais veículos também foi recorde, de 7,5 bilhões de reais (+11,6%), ajudada pelo aquecimento do setor.
De acordo com Ferreira, historicamente, há uma sazonalidade positiva no final do ano no financiamento de veículos, então por efeitos sazonais o BV pode ter um quarto trimestre tão forte quanto foi o terceiro trimestre.
"A economia no curto prazo está ajudando, com PIB crescendo mais de 3%, inflação ancorada, desemprego recorde...há um empuxo de demanda também decorrente da macroeconomia em bom momento, principalmente quando olhamos o curto prazo", afirmou.
Olhando mais para a frente, acrescentou, o cenário talvez seja de desaceleração das carteiras de crédito para veículos, uma vez que as projeções no mercado mostram expectativa de desaceleração do PIB e há o movimento de alta dos juros,
"Vamos continuar vendo as carteiras crescendo, mas talvez em ritmo menor do que foi no ano de 2024...Talvez a gente viva em 2025 uma convergência para patamares históricos...cresce perto de 10% a 15% no ano que vem", estimou.
O índice de inadimplência total de mais de 90 dias caiu 1,1 ponto percentual ante o terceiro trimestre de 2023, para 4,4%, puxado pela redução de 1,6 ponto na inadimplência da carteira do varejo. O custo de crédito cedeu 12,7%, para 1 bilhão de reais.
O BV também divulgou que o índice de cobertura subiu para 172%, de 155% um ano antes, enquanto o índice Basileia teve um aumento de 0,8 ponto, para 16,2%.
"O BV atingiu esse lucro e esse ROE recorde fortalecendo ainda mais o balanço e aumentando o investimento", acrescentou o CFO do banco, Ronaldo Helpe. "Atingimos de fato um resultado que ele não tem nenhum tipo de excepcionalidade, ele é estrutural."
No terceiro trimestre, o banco adicionou 1,3 milhão de novos clientes na comparação anual, atingindo um total de 6,1 milhões de clientes pessoas físicas ao final do período.
O BV chegou ao final de setembro com 6,1 milhões de clientes pessoa física, uma adição de 1,3 milhão na comparação anual.