Café por R$ 30 e macarrão a R$ 20: Procon faz alerta para abusos de preços no litoral de SP
Comerciantes aproveitam a escassez de itens básicos para elevar valores de vendas após tragédia
Mesmo diante de uma tragédia com dezenas de mortes e que sensibilizou todo o País, há relatos de vendas de produtos básicos com preços inflacionados diante da escassez de itens essenciais em cidades atingidas pelas fortes chuvas no litoral de São Paulo.
Por causa dessa situação, o Procon-SP fez um alerta sobre a possibilidade de elevações indevidas e abusivas de preços de itens de primeira necessidade como alimentos, remédios, água e combustíveis, devido à situação de calamidade.
Uma moradora de São Sebastião, cidade mais afetada pelo temporal, relatou à TV Globo que encontrou café sendo vendido por R$ 30, um pacote de macarrão por R$ 20 e até o litro de água, normalmente encontrado por R$ 3 nos mercados, sendo cobrado a R$ 15,50.
"É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas, elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços, o que é agravado em situações de extrema fragilidade do consumidor, como no caso da tragédia que se abateu no litoral Norte de SP, consequência das fortes chuvas que assolaram a região”, explica Wilton Ruas, Diretor Executivo da Fundação Procon-SP.
Preços abusivos devem ser denunciados ao órgão para que os comerciantes sejam punidos. Para a denúncia, é preciso solicitar nota fiscal do produto ou tentar, de alguma forma, registrar a prática criminosa, com fotos ou vídeos, por exemplo.
As reclamações devem ser registradas no site www.procon.sp.gov.br, na página Espaço Consumidor.
Revoltado, repórter chora ao vivo
Walace Lara, repórter da TV Globo, até chorou ao vivo ao relatar que os comerciantes estão cobrando R$93 por um litro de água em São Sebastião, no litoral de São Paulo.
"É difícil ouvir o depoimento que a gente ouviu agora e não se emocionar. Cobrar R$ 93 em um litro de água na situação que nós estamos aqui é inacreditável", disse o repórter no Bom Dia SP.
"Tive ontem em uma comunidade aqui em Topolândia, em São Sebastião, onde tem pelo menos cem pessoas tirando lama de dentro das casas. É uma situação muito difícil de se ver e acompanhar. As cidades não têm estrutura", acrescentou. “É difícil ouvir o depoimento que a gente ouviu agora e não se emocionar. Cobrar R$ 93 em um litro de água na situação que nós estamos aqui é inacreditável”, lamentou com voz embargada.
Repórter da Globo, Wallace Lara, chora ao ver litro d’água a R$ 93, no litoral de SP pic.twitter.com/7iATqeo6Wo
— Eduardo de Costas (@EduardoDeCostas) February 21, 2023
Entenda
O número de mortos pelas fortes chuvas que atingiram o litoral norte do Estado de São Paulo no último fim de semana subiu para 48, informou o governo paulista nesta quarta-feira, 22, enquanto os trabalhos das equipes de resgate continuam em busca de ao menos 38 desaparecidos.
Em todo o Estado, as chuvas deixaram mais de 1.730 desalojados e 766 desabrigados, também informou o governo.
A previsão do tempo para o litoral norte para esta quarta é de mais chuvas, com a chegada de uma frente fria à região, o que pode complicar os trabalhos de busca e resgate.
"A partir do final da manhã, a aproximação de uma nova frente fria favorece a formação de nuvens carregadas sobre a região, com isso voltam as condições para pancadas de chuva moderadas e fortes, que podem ocorrer de forma intermitente até o início da noite", disse o governo de São Paulo em nota.
O volume de chuvas que atingiu o litoral norte no fim de semana de Carnaval, quando vários turistas foram para a região, é o maior já registrado em 24 horas na história do Brasil desde o início deste tipo de registro.
Tarcísio de Freitas, que está na região desde o domingo, decretou luto oficial de três dias e estado de calamidade pública por 180 dias nas cidades de Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Bertioga.
O governador também transferiu temporariamente seu gabinete para São Sebastião, cidade mais duramente atingida pelas chuvas e que registrou 47 das mortes, para dar mais velocidade à tomada de decisões em resposta à tragédia.
Desde o domingo, equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e das Forças Armadas trabalham nos esforços de resgate de pessoas ilhadas e de vítimas da tragédia, além da desobstrução de vias de acesso e rodovias atingidas por deslizamentos de terra e quedas de barreira.
Estradas bloqueadas
Um trecho da rodovia Rio-Santos está completamente interditado e, na segunda, o governador de São Paulo disse que a recuperação levará tempo, pois há a possibilidade de a via ter sido arrastada pelas chuvas. Ele disse ainda ser possível que a rodovia não exista mais no trecho atingido.
Na segunda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à região e prometeu apoio do governo federal e parceria com os governos estadual e municipal na reconstrução das áreas atingidas e na construção de moradias para pessoas que moravam em áreas de risco e perderam suas casas. (*Com informações da Reuters)