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Cafeterias em crise? Por que grandes marcas estão pedindo recuperação judicial no Brasil

O recente 'pedido de socorro' da Casa do Pão de Queijo acendeu um alerta sobre os rumos do setor no Brasil

15 jul 2024 - 05h00
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A Casa do Pão de Queijo foi à Justiça no dia 28 de junho, para buscar proteção contra credores em dívidas de R$ 57,5 milhões.
A Casa do Pão de Queijo foi à Justiça no dia 28 de junho, para buscar proteção contra credores em dívidas de R$ 57,5 milhões.
Foto: Casa do Pão de Queijo/Divulgação / Estadão

O pedido de recuperação judicial da Casa do Pão de Queijo movimentou o mercado recentemente e acendeu um alerta sobre os rumos do setor no Brasil. Essa não é a primeira grande rede de cafeteria que "pede socorro" para não ir à falência. Em 2023, a SouthRock utilizou a mesma ferramenta jurídica referente às operações das atividades da Starbucks no Brasil.

Embora possa haver fatores externos e internos diferentes, os recentes pedidos de recuperação judicial da Starbucks e da Casa do Pão de Queijo podem ser explicados por uma combinação de fatores. Especialistas no setor de varejo e empresarial ouvidos pelo Terra citam redução de clientes em razão da pandemia da Covid-19, custo elevado do negócio e falta de adequação ao modelo de delivery.

"As cafeterias foram muito prejudicadas no período pandêmico. Antes disso, as pessoas tinham o hábito de ir até esses lugares com os seus notebooks para trabalhar, fazer reuniões, ou mesmo para um momento de descompressão do ambiente formal de trabalho. Com o fortalecimento do home office, as cafeterias foram afetadas drasticamente", explica Flavia Mardegan, especialista em vendas e reestruturação empresarial. 

Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial, pondera que, além do fechamento forçado de suas lojas por longo período e a redução do fluxo de clientes em áreas comerciais e de escritórios, os produtos vendidos em cafeteria não se adequam bem ao delivery. Soma-se a isso o fato de as lojas estarem em locais de alto custo. 

"Não há grande dificuldade em descongelar um pão de queijo, levá-lo ao forno e ter, em poucos minutos e por um preço muito menor, o produto igual ao da cafeteria. Como cereja do bolo, muitas unidades de cafeterias estão localizadas em áreas de alto custo, como shoppings e centros comerciais, onde os aluguéis são elevados e contratos rígidos, dificultando a renegociação em tempos de crise", diz Canutto.

Modelo de negócio

Os especialistas ouvidos pela reportagem acreditam que o modelo de negócio das cafeterias precisa ser repensado. Com a expansão acelerada e mal planejada, muitas redes de cafeterias adotaram estratégias agressivas, abrindo novas unidades sem uma análise detalhada da viabilidade financeira de cada local. 

"Muitos destes locais são de alto custo ou de baixo tráfego de clientes, resultando em baixa rentabilidade, evidenciando falhas no controle de custos operacionais e na gestão eficiente do estoque, especialmente de produtos perecíveis", analisa Fernando Canutto. 

Flavia Mardegan avalia que o segmento precisa encontrar novamente seu público e pensar no estabelecimento como um ponto de encontro, agregando serviços e produtos que despertem o interesse das pessoas.

"Ir a esses estabelecimentos não pode somente ser para tomar café. É preciso entregar algo mais, é preciso rever sua proposta de valor e realinhá-la às expectativas do cliente", sugere.

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Entenda os pedidos de recuperação judicial 

O pedido de recuperação da Casa do Pão de Queijo foi protocolado em junho, na Vara de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª RAJ, de Campinas. No processo, estão envolvidas a CPQ Brasil S/A e mais 28 filiais – todas situadas em aeroportos. O passivo da empresa é estimado em R$ 57,5 milhões.

Já a SouthRock está em processo de recuperação judicial nas operações com a Starbucks e Subway. O pedido de recuperação foi protocolado em outubro de 2023, na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo. As dívidas da empresa são estimadas em R$ 1,8 bilhão.

"No caso da Casa do Pão de Queijo, muito provavelmente foram particularidades na gestão do negócio que levaram à crise financeira. Como eles mesmos justificam em sua petição inicial, os problemas financeiros foram desencadeados por questões relativas à negociação de aluguéis de lojas e fábricas", pontua Giulia Panhóca, advogada no Ambiel Advogados e especialista em Direito Empresarial.

Fonte: Redação Terra
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