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Câmara aprova texto-base que cria o programa Verde e Amarelo

Medida visa estimular a contratação de jovens de 18 a 29 anos; texto precisa ser aprovado pelo Senado até a próxima segunda-feira

14 abr 2020 - 22h52
(atualizado em 15/4/2020 às 07h14)
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A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 14, em sessão remota o texto-base da medida provisória (MP) que cria o chamado Contrato Verde e Amarelo, criado para estimular a contratação de jovens de 18 a 29 anos.

Plenário de Câmara dos Deputados
20/09/2017
REUTERS/Ueslei Marcelino
Plenário de Câmara dos Deputados 20/09/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

A medida provisória que deu origem ao programa Contrato Verde e Amarelo tem validade até o próxima segunda-feira, 20, e ainda precisa ser aprovada pelo Senado para seguir para sanção do presidente Jair Bolsonaro. Se o texto não foi aprovado pelos senadores até o dia 20, perderá validade.

O Contrato Verde Amarelo vale para vagas de emprego que pagam até um salário-mínimo e meio, ou seja, R$ 1.567,50 (em 2020). De acordo com o governo, a proposta desburocratiza e desonera as contratações e, assim, ajuda os jovens a obter o primeiro emprego e experiência profissional.

Os deputados aprovaram uma versão diferente da proposta original do governo. O percentual de contribuição pela empresa para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por exemplo, ficou em 8%, como já é praticado, e não em 2% como o governo havia proposto.

A contratação total de trabalhadores nesta modalidade fica limitada a 25% do total de empregados. As empresas com até 10 empregados poderão contratar dois trabalhadores sob estas condições.

A nova modalidade de contratação será realizada apenas para novos postos de trabalho, tendo como referência a média do total de empregados entre 1º de janeiro e 31º de outubro de 2019 ou a média nos três últimos meses anteriores à contratação - prevalecendo a que for menor.

Empregadores não precisarão pagar a contribuição patronal ao INSS (de 20% sobre a folha) e também não serão cobradas alíquotas para o Sistema S. Pagamentos de férias e 13º salário poderão ser adiantados mensalmente, de forma proporcional.

O contrato poderá ser celebrado por até dois anos. Se este período for superado, passam a incidir as regras do contrato por prazo indeterminado previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A indenização paga ao trabalhador em caso de rescisão contratual será de 30% do saldo da conta vinculada do FGTS, mesmo em casos de demissão por justa causa (e não 20% como proposto pelo governo).

Os contratados poderão fazer até duas horas extras, com remuneração da hora extra de, no mínimo, 50% superior à remuneração da hora normal. A contribuição ao FGTS está mantida em 8% (e não em 2%, como previa o texto original).

Retirada de trechos

O texto aprovado pela comissão especial era alvo de resistência por parte dos parlamentares. Para viabilizar a votação da proposta nesta terça, o relator, Christino Áureo (PP-RJ), retirou alguns trechos, entre os quais: elevação da contribuição patronal para o FGTS; permissão de trabalho aos domingos e feriados; aumento da multa do FGTS em caso de indenização por demissão; trecho que retirava o recolhimento patronal para o Salário Educação.

Partidos contrários à proposta apresentaram requerimentos regimentais na tentativa de atrasar a votação. Um dos vice-líderes da oposição, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que, embora o relator tenha feito um "esforço extraordinário para diminuir as maldades do governo", não foi possível encontrar um "ponto de equilíbrio".

"Se dependesse de Bolsonaro, a multa na demissão do trabalhador de 40% [como é hoje] seria de 20% do FGTS. Se dependesse de Bolsonaro, o trabalhador que trabalha em um ambiente perigoso e hoje recebe 30% a mais, receberia 5%. Assim como o FGTS, que o governo queria de 2% e que o debate da oposição com o relator fez com que voltasse a 8%", disse.

O líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO), contestou as críticas e disse que Bolsonaro "está correto em dizer que não adianta ter todos os direitos e estar desempregado".

Trabalho aos domingos

A proposta aprovada retira a autorização para o trabalho aos domingos e feriados, ponto que, desde a edição da MP, causava polêmica entre os parlamentares.

Inicialmente, o texto autorizava o trabalho aos domingos e feriados, desde que o empregado tivesse um repouso semanal de 24 horas "preferencialmente" aos domingos.

A proposta do governo determinava que a folga coincidisse com o domingo, no mínimo, uma vez a cada quatro semanas para os setores de comércio e serviços e, para a indústria, uma vez a cada sete semanas.

Atualmente, a regulamentação das categorias que podem exercer atividade aos domingos e feriados é determinada por meio de uma portaria do Ministério da Economia. A MP enviada pelo governo, no entanto, modificava a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para ampliar essa autorização a todas as categorias.

O texto aprovado mantém a autorização do trabalho aos sábados, domingos e feriados para as seguintes categorias: telemarketing; teleatendimento; Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC); atividades de automação bancária; serviços por canais digitais; áreas de tecnologia, segurança e administração patrimonial; atividades bancárias excepcionais ou em áreas diferenciadas, como feiras, exposições, shoppings, aeroportos e terminais de ônibus, trem e metrô.

Periculosidade

O relator também retirou artigo que permitia que o empregador contratasse, mediante acordo com o trabalhador, seguro privado de acidentes pessoais - como morte acidental, danos corporais, danos estéticos e danos morais.

Pelo texto apresentado pelo governo, em caso de contratação do seguro, o empregador pagaria adicional de periculosidade de 5% sobre o salário-base do trabalhador - e não de 30%, como previsto em lei atualmente. O adicional de periculosidade também só seria pago em caso de exposição permanente do trabalhador, isto é, de 50% da sua jornada de trabalho.

Taxação do seguro-desemprego

Um dos pontos mais polêmicos da MP original, a cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor do seguro-desemprego, foi retirado ainda na comissão mista, em votação do dia 17 de março.

O texto enviado pelo Executivo previa que esse desconto seria obrigatório. O argumento era de que a contribuição compensaria a perda de arrecadação com o programa. Muitos parlamentares, no entanto, resistiram à ideia.

O texto aprovado torna esse desconto opcional. Se optar pela cobrança, fixada em 7,5%, o beneficiário poderá contar esse período na hora de calcular o tempo de contribuição para a aposentadoria, como já estava previsto.

Estadão
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