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Campanha italiana quer salário para donas de casa

Objetivo é impedir que mulheres deixem de registrar casos de violência doméstica por medo de perder sua renda

18 mar 2014 - 12h21
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Uma advogada e uma estrela de TV estão à frente de uma campanha na Itália para que seja criado um salário para as donas de casa do país. O objetivo é impedir que mulheres deixem de registrar casos de violência doméstica por medo de perder sua renda.

A iniciativa é liderada pela advogada e ex-deputada federal Giulia Bongiorno e pela conhecida apresentadora de televisão Michelle Hunziker. Elas argumentam que muitas mulheres italianas não registram casos de violência por parte dos maridos porque são economicamente dependentes de seus cônjuges.

A campanha quer criar um salário mínimo para donas de casa que não trabalham fora. A remuneração seria paga pelo governo ou pelos próprios maridos, no caso deles terem uma alta renda mensal. Na Itália há um número estimado de 5 milhões de "casalinghe", ou donas de casa.

"Quanto mais se valoriza as mulheres, mais se reduz a discriminação", defende Giulia Bongiorno, que como deputada foi uma das responsáveis pela introdução de uma lei que pune a perseguição a mulheres. Segundo ela, o medo de cair na miséria impede muitos registros de violência doméstica.

A iniciativa não cita um montante fixo para a remuneração, mas diz que quanto maior a autonomia econômica, melhor. "É claro que vão ridicularizar a proposta e vão lembrar que o país está em crise", diz Bongiorno. "Mas nós devemos nos perguntar: afinal, quais são as reais prioridades do governo?"

'Defesa'

Bongiorno e Hunziker fundaram uma associação chamada "Doppia Defesa" (dupla defesa, em português) que ajuda mulheres em perigo. Elas exigem que o governo do novo premiê italiano Matteo Renzi leve em consideração a criação do salário para donas de casa quando for reformar as regras do mercado de trabalho italiano, como prometeu.

A violência contra mulheres continua sendo um problema grave na Itália. Em 2013, 177 mulheres foram assassinadas no país, quase uma a cada três dias. Segundo a associação Telefone Rosa, especializada no apoio de mulheres, em quase 80% dos casos, parceiros, cônjuges ou ex-maridos foram os autores dos crimes.

O ministro italiano do interior, Angelino Alfano, confirmou poucos dias atrás que "o número de homicídios está caindo na Itália, mas não o de feminicídios". Só na primeira semana deste mês ocorreram mais seis assassinatos de mulheres.

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