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Campos Neto diz que governo acerta ao perseguir meta fiscal, mesmo que mercado não acredite

Nova regra fiscal do governo estabelece uma meta de déficit primário zero em 2024

29 set 2023 - 09h49
(atualizado às 11h09)
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 29, que o governo acerta ao perseguir as metas fiscais definidas pelo novo arcabouço, mesmo que o mercado não acredite que o alvo será alcançado, ressaltando que eventual abandono desse objetivo indicaria que o compromisso com as contas públicas "não é sério" e pode desorganizar o mercado.

Presidente do BC, Roberto Campos Neto, em evento em Brasília
Jun 7, 2023. REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente do BC, Roberto Campos Neto, em evento em Brasília Jun 7, 2023. REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Em evento promovido pela 1618 Investimentos, em São Paulo, Campos Neto afirmou que a política macroeconômica no Brasil se baseia em câmbio flutuante, metas de inflação e controle fiscal, e a perda de controle em um desses componentes impacta os outros.

"É uma decisão muito acertada do governo persistir na meta, ainda que o mercado não acredite, que o mercado entenda que é difícil, e tentar outras formas além das que foram propostas para atingir a meta. A gente tem trabalhado com o governo, estamos bastante alinhados nesse sentido", disse.

Campos Neto notou que o governo tem que "arrecadar bastante" para atingir as metas traçadas, projetando ser necessário um ganho adicional de receitas de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, 1,5% do PIB em 2025 e 1,7% do PIB em 2026.

"Às vezes a meta é difícil, pode levar um pouquinho mais de tempo para atingir a meta, mas se você faz um arcabouço e desiste da sua meta antes do primeiro teste, significa que você não é sério sobre aquela dimensão fiscal, e pode desorganizar os preços de mercado", acrescentou, ao dizer que ancorar a política monetária sem uma ancoragem fiscal "pode ser custoso".

A nova regra fiscal do governo estabelece uma meta de déficit primário zero em 2024, objetivo que exige esforço de ajuste fiscal significativo e apenas será alcançado se o Congresso aprovar medidas para ampliar a arrecadação, o que tem gerado questionamentos de analistas de mercado.

Na apresentação, o presidente do BC disse que o mercado tem errado "consistentemente" as previsões de crescimento da atividade, o que pode sugerir que o país está agora com um crescimento estrutural mais alto. Segundo ele, o mercado também "erra bastante" as previsões para a trajetória da Selic.

Ele reafirmou que as expectativas de inflação no Brasil ainda estão acima da meta, destacando que "ainda temos trabalho a fazer".

Campos Neto disse que a inflação de serviços começou a desacelerar e os últimos indicadores nessa área vieram um pouco melhores, "mas estamos acompanhando ainda".

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