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Cannabis movimenta em torno de R$ 1 bi por ano no Brasil, e decisão do STJ deve favorecer crescimento

Medica é comemorada por especialistas e empresários como um marco no setor, hoje dependente de insumos internacionais

22 nov 2024 - 05h00
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Anvisa liberou venda de produtos feitos com cannabis para uso medicinal em farmácias
Anvisa liberou venda de produtos feitos com cannabis para uso medicinal em farmácias
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

O Brasil registrou um crescimento de 34% no número de empresas especializadas mercado canábico entre 2023 e 2024, segundo dados da Kaya Mind. A estimativa é que lojas de acessórios para consumo e plantio e marcas associadas à cannabis já movimentam em torno de R$ 1 bilhão por ano no país.

Uma recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) abre caminho para uma expansão ainda maior. A Corte determinou a viabilidade jurídica do cultivo do cânhamo industrial – variação da Cannabis sativa com teor de THC inferior a 0,3% – por pessoas jurídicas para fins medicinais e farmacêuticos. A decisão estabelece que a Anvisa e a União regulamentem o setor em até seis meses.

A medida é comemorada por especialistas e empresários como um marco no setor, hoje dependente de insumos internacionais.

O publicitário Fabrício Penafiel, idealizador da marca Bem Bolado, destacou o potencial do Brasil para liderar o mercado global de Cannabis: "O Brasil é a bola da vez no mercado canábico. Temos um território vasto, clima favorável e uma população de 20 milhões de consumidores. Agora, estamos no mesmo patamar de países como Dubai, Chile e Argentina no calendário mundial de eventos."

A Bem Bolado, que já faturou R$ 40 milhões, busca integrar práticas ESG em suas operações e se consolidar como um símbolo de profissionalismo no setor: "Não vendemos apenas sedas, vendemos estilo de vida. Queremos que as pessoas vejam a Cannabis como algo cultural, medicinal e econômico."

Mas, para Cassiano Gomes, diretor executivo e fundador da Abrace Esperança, a maturidade do setor “exige regulamentações claras e transparentes que atendam tanto as associações quanto os pacientes".

Embora o Brasil tenha iniciado a regulamentação da Cannabis medicinal tardiamente, ele acredita que isso foi estratégico: "Estudamos os erros e acertos de outros países para desenvolver um modelo que se adapta à nossa realidade. Hoje, já despertamos interesse internacional por nossas associações e avanços."

A Abrace Esperança, pioneira na produção de medicamentos à base de Cannabis, celebra em 2024 seus 10 anos de atuação, com mais de 50 mil pacientes atendidos em todo o Brasil. Entre as iniciativas da associação estão a criação do Museu da Cannabis e parcerias com universidades para educação e estágio, visando combater preconceitos e ampliar o conhecimento sobre a planta.

O futuro da Cannabis no Brasil

De acordo com Cassiano Gomes, o Brasil tem todas as condições de criar um modelo que equilibre crescimento econômico e responsabilidade social:

"O desafio é garantir uma regulamentação equitativa que contemple associações, empresas e pacientes, promovendo qualidade de vida e acesso acessível."

No entanto, para Penafiel, é essencial enfrentar os desafios relacionados ao preconceito racial e social: "Ainda enfrentamos um preconceito estrutural. Um branco privilegiado pode fumar na Oscar Freire sem consequências, enquanto um jovem periférico enfrenta repressão. Se um pode, todos deveriam poder."

Expocannabis Brasil

Entre os dias 15 e 17 de novembro, São Paulo foi palco da segunda edição da Expocannabis Brasil, que se firmou como um dos maiores eventos sobre Cannabis na América Latina. A feira, que ampliou seu espaço de 8 mil para 20 mil metros quadrados, atraiu um público estimado em 40 mil pessoas.

O sucesso da Expocannabis Brasil demonstra o crescente interesse da sociedade no setor.  Empresários, associações, pesquisadores e consumidores se reuniram para explorar as inovações e os desafios do mercado de Cannabis medicinal e industrial no Brasil, reforçando a importância do debate em torno desse setor emergente.

A programação da feira foi bastante variada, com discussões que abordaram o uso da cannabis e seus derivados em áreas como construção civil, moda, medicina e indústria. Debates sobre os benefícios de medicamentos à base da planta na medicina veterinária, seu potencial na agricultura e até sua relação com temas como sexualidade marcaram presença no evento.

A lista de palestrantes incluiu nomes de peso, como a britânica Mila Jansen – conhecida como a Rainha do Haxixe e uma das personalidades mais influentes do mercado de cannabis, segundo a revista High Times. O público também foi agraciado com atrações musicais de artistas como Dawn Penn e Horace Andy, que garantiram a vibração cultural do evento.

Fonte: Redação Terra
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