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Capital humano ainda é maior desafio para as práticas de ESG

Especialista sugere caminhos para lidar com as dificuldades para preencher posições relacionadas à área

25 fev 2023 - 03h00
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Foto: Adobe Stock

As práticas de ESG, sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança, têm sido um desafio cada vez maior das organizações. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre 2021 e 2022, cerca de 50% das indústrias elevaram os recursos empregados na área e 69% das empresas planejam aumentar os investimentos em ações de sustentabilidade até 2024.

Gustavo Costa, sócio-fundador da Unique Group, consultoria de recursos humanos, explica que o cenário é promissor do ponto de vista de geração de empregos e do engajamento empresarial com questões climáticas, sociais, de compliance e boas práticas de governança, porém também vem acompanhado de desafios para a equipe de RH. 

O principal deles é lidar com a ausência de talentos compatíveis com as vagas, ou que tenham visão sistêmica, ou seja, que agreguem conhecimento além das especialidades da sigla ESG, incluindo entendimento sobre o setor, os stakeholders, os investidores e a comunidade na qual a organização está inserida.

“Isso pode ser um obstáculo ao progresso da agenda ESG. Para implementar as estratégias, as empresas precisam de uma força de trabalho com conhecimento técnico e competências alinhadas com esse propósito”, explica o profissional.

Recrutamento de profissionais do setor

A própria Unique Group, que atua com recrutamento de profissionais para vários setores, percebeu uma forte demanda por parte de seus clientes em posições de recrutamento para preencher cargos ligados ao ESG. Entre 2021 e 2022, houve aumento na procura de capital humano especializado nessa área.

 “A cada dez vagas abertas, duas eram para esse setor, com a previsão de aumento de 2023 em diante. E essa busca não tem sido um processo rápido, pois envolve um detalhamento ainda mais específico de escopo e das experiências necessárias, com grande flexibilidade de perfis,” informou Gustavo.

Oportunidades para o segmento

De acordo com o levantamento Global Green Skills 2022, divulgado pelo LinkedIn, o percentual de profissionais preparados com as habilidades adequadas para atuar na economia verde saiu de 9,6% em 2015 para 13,3% em 2022. Atualmente, alguns dos cargos em alta no mercado para esse segmento são: especialista em ESG, analista de sustentabilidade, head de sustentabilidade, diretor financeiro e de ESG e gestor de projetos ambientais.  

No quesito impacto social, as principais posições estão conectadas com a saúde e bem-estar e diversidade, equidade e inclusão. E com relação ao tópico governança, os destaques são cargos ligados à cibersegurança, compliance e ética, segundo a Unique Group. As oportunidades oferecem um remuneração atrativa, variando de R$ 10 mil a R$ 50 mil, conforme o grau de senioridade da posição e porte da empresa, segundo guias salariais da área de Recursos Humanos.   

“Salários e benefícios, a modalidade de trabalho - como o híbrido - e a identificação com a cultura da empresa são elementos que têm pesado na decisão dos candidatos entrevistados para essa posição”, comenta Gustavo.

Caminhos para o RH       

Além de contar com consultorias especializadas para buscar ativamente no mercado, outro caminho para preencher posições de ESG é olhar para dentro da organização, que já é composta por colaboradores alinhados com os objetivos da casa.

“Atender a essas necessidades com pessoas internas é uma estratégia que algumas empresas podem seguir. Como primeiro passo, a empresa pode se apoiar em consultorias para a aplicação de assessment nesses profissionais, uma metodologia que ajuda no diagnóstico das competências”, afirma Gustavo.  

Além de identificar quais as tendências de comportamento e competências profissionais desse colaborador para avaliar sua compatibilidade com as cadeiras ESG, a organização deve recorrer à qualificação especializada, investindo em cursos, workshops e treinamentos dos colaboradores.

 “Desenvolver-se para exercer uma nova posição dentro da empresa é um processo chamado de reskilling. O profissional pode aprender as habilidades necessárias para se especializar em sustentabilidade, por exemplo, e associá-las ao seu conhecimento institucional e, com isso, reverter essas lições em estratégias para a companhia”, esclarece o especialista. Além disso, será preciso atuar para que as iniciativas sejam concretizadas e não fiquem no campo do discurso.

Conforme o desafio ligado ao ESG, a empresa também pode buscar consultores externos como uma estratégia para assessorar no planejamento e implantação de diretrizes ligadas a essa filosofia.

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