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Cargill faz 1ª aquisição em nutrição animal no Brasil, amplia foco em bovinos

27 out 2017 - 12h36
(atualizado às 13h09)
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A Cargill fechou a primeira compra de uma empresa no segmento de nutrição animal no Brasil, numa estratégica que prevê investimentos para expansão orgânica e novas aquisições, em um mercado que cresce a uma taxa de 3 a 5 por cento ao ano no país embalado pela força da indústria do maior exportador de carnes de frango e de bovinos.

Logo da Cargill é visto em instalação da companhia em Lucens, Suíça
22/9/2016 REUTERS/Denis Balibouse
Logo da Cargill é visto em instalação da companhia em Lucens, Suíça 22/9/2016 REUTERS/Denis Balibouse
Foto: Reuters

O acordo anunciado nesta sexta-feira envolve a compra de 100 por cento dos ativos da Integral Nutrição Animal, incluindo fábrica localizada em Goianira, nas proximidades de Goiânia, e um portfólio de produtos da empresa, cujo foco é a produção de sal mineral, alimento bastante consumido pelo gado de corte numa região que é uma das principais produtoras de bovinos do Brasil. O valor do negócio não foi revelado.

Com a aquisição da Integral, que tem faturamento de 80 milhões de reais por ano, a Cargill Nutrição Animal avança no mercado de alimentos para bovinos de corte no qual quer ser uma das líderes, posição que a empresa já ocupa na comercialização de suplementos minerais e premix vitamínicos para a ração de bovinos de leite, aves e suínos.

A compra da Integral dobra a participação da Cargill no segmento de sal mineral para gado de corte, para apenas 2 por cento, em um mercado no Brasil ainda bastante pulverizado com muitas empresas regionais e de pequeno porte, suscetíveis a novas investidas da gigante global do agronegócio.

"O nosso crescimento passa não só por crescimento orgânico. Passa por aquisições. (Com a aquisição da Integral), estamos dando vida ao nosso plano estratégico, buscando crescer no segmento de bovinos de corte", afirmou o diretor-geral da Cargill Nutrição Animal no Brasil, Celso Mello, em entrevista à Reuters, que obteve a informação sobre a transação antecipadamente.

Se essa fatia de mercado em bovinos de corte ainda é relativamente pequena, a aquisição da companhia no Centro-Oeste permite que a unidade brasileira da multinacional norte-americana coloque os pés em uma região com forte produção de gado de pasto (predominante no país), que complementa sua alimentação com o sal mineral.

A Integral atua ainda em Tocantins, Mato Grosso e Pará, que estão entre os grandes produtores de bovinos do país.

"Queremos ser um player relevante no mercado brasileiro, em bovinos de corte não somos ainda, nos demais (avicultura, bovinocultura leiteira e suinocultura) somos. Estamos entre as maiores empresas, e em bovino de corte esta é a nossa busca", acrescentou o executivo, que é agrônomo de formação e trabalha no negócio da Cargill há 22 anos, o tempo da existência da marca da empresa de nutrição animal no mercado, a Nutron.

O executivo não revelou o tamanho do mercado de nutrição animal que a Cargill detém nos segmentos de avicultura e suinocultura, fortes demandantes de complementos vitamínicos, produzidos também nas fábricas da empresa de Toledo (PR) e Chapecó (SC), grande produtores de carnes.

Para Mello, a aposta em nutrição animal ocorre porque esse setor no Brasil tende a crescer ainda mais, uma vez que o país tem uma indústria de carnes estruturada, o que dá uma "avenida de oportunidades para o Brasil" avançar na produção de carnes com ganhos de produtividade e na exportação, diante do crescimento da demanda global por proteína animal.

A maior parte do investimento da Cargill em nutrição animal em 2016 e 2017, que somou cerca de 50 milhões de reais (valor que exclui a aquisição da Integral, não revelado), foi feita em bovino de corte. Somente para a expansão de uma linha de produção de sal mineral na unidade de Itapira (SP), a empresa investiu neste ano 30 milhões de reais.

O acordo anunciado nesta sexta-feira pela Cargill no mercado brasileiro de nutrição animal segue-se a negócios recentes mundo afora no setor em aditivos alimentares naturais, envolvendo companhias como a Diamond V (EUA), anunciado esta semana, e a Delacon, fechado há cerca de quatro meses.

Se os negócios de trading e processamento de grãos e oleaginosas --que respondem por grande parte da receita líquida bilionária da Cargill-- enfrentam tempos de difíceis em um mercado de preços mais baixos e margens menores por grandes safras, o segmento de nutrição animal da multinacional, que fatura 700 milhões de reais ao ano no país, apresenta taxas de crescimento de 10 a 12 por cento ao ano.

NEGÓCIO COMPLEMENTAR

A aquisição da Integral, uma empresa de 31 anos, disse o executivo da Cargill, ocorreu muito em função de a empresa goiana ter um modo de trabalhar semelhante ao da multinacional, próximo ao cliente. Além disso, acrescentou Mello, a Integral complementará o negócio de nutrição de bovinos da empresa, já que Cargill tem participação relevante em suplementos para a ração do gado confinado.

"É um negócio que não tem sobreposição com o que temos."

Se os principais concorrentes do setor de trading e processamento da Cargill (ADM, Bunge e Louis Dreyfus, entre outras) não atuam em nutrição animal no Brasil, disse Mello, a empresa tem concorrentes globais no segmento, como a DSM, que adquiriu há alguns anos a Tortuga, líder no mercado brasileiro de nutrição para bovinos.

O acordo entre Cargill e Integral ainda precisa ser aprovado pelas autoridades no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas o executivo não vê problema para obter o aval nos próximos meses, já que a multinacional ainda tem pequena participação de mercado.

(Edição de Maria Pia Palermo)

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