Carrefour prepara retratação formal ao Brasil com carta de CEO global entregue em mãos a ministro
O 'Estadão/Broadcast' apurou que o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, se reuniu com autoridades do Ministério da Agricultura e teria apresentado a carta de Bompard
O CEO do Carrefour Global, Alexandre Bompard, fará uma retratação formal ao ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, após as suas declarações levarem à interrupção de fornecimento de carnes por parte de frigoríficos brasileiros ao Grupo Carrefour Brasil. Segundo afirmou uma fonte próxima à empresa ao Estadão/Broadcast, o desejo da gestão da companhia é que a carta seja entregue em mãos, o que depende, também, da agenda do ministro.
No fim da tarde desta segunda-feira, 25, de acordo com integrantes do governo, o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, se reuniu com autoridades do Ministério da Agricultura para tratar da crise entre Carrefour e a indústria de carnes brasileira e teria apresentado a carta de Bompard. Lenain deixou o ministério sem falar com a imprensa. Ele não se encontrou com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que chegou logo depois, pois estava em reunião no Palácio do Planalto.
O boicote dos frigoríficos ocorreu após Bompard se comprometer, na última semana, a não vender em lojas da França carnes do Mercosul. Segundo ele, a medida foi tomada após ouvir o "desânimo e a raiva" dos agricultores franceses, que são contrários à proposta de acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Fávaro, por sua vez, disse não ter feito um pedido explícito ao setor frigorífico para que realizasse o boicote, mas parabenizou a indústria brasileira pela decisão.
As palavras de Bompard foram recebidas com surpresa até mesmo por membros do conselho da operação brasileira, que afirmaram que a fala foi "pouco diplomática". A declaração foi "mal pensada, com foco apenas político e não nos negócios", afirmaram fontes consultadas pela reportagem.
No pregão desta segunda-feira, 25, as ações do Carrefour operaram voláteis devido ao cenário ainda incerto. No pior momento do dia, desvalorizaram 5%, mas se recuperaram no decorrer da sessão e fecharam em alta de 1,05%.