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City Hatchback é um Fit alongado e rebaixado (e anda bem)

Veja nossas primeiras impressões ao volante do inédito Honda City Hatchback, que estreia no Brasil com a missão de substituir o amado Fit

23 fev 2022 - 12h00
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Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O inédito Honda City Hatchback já está à venda no Brasil e tem uma missão espinhosa: substituir o bem-amado Fit, que saiu de linha. Todo mundo gostava do Fit. Quer dizer, quase todo mundo, pois o carro já estava vendendo menos e a Honda o considerava obsoleto. A ideia do City Hatchback é boa: tira de linha um carro quase de nicho e coloca em seu lugar um forte concorrente num dos segmentos mais populares do mundo.

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Já tivemos uma experiência de um dia (sem pernoite) com o City Hatchback para as primeiras impressões ao volante. Ele é menor do que o New City sedã, mas é maior do que o aposentado Honda Fit. Tem maior comprimento, maior largura e maior distância entre-eixos. Dá para cruzar as pernas no banco de trás (tenho 1,82 m), pois o espaço ficou bem maior. Ele também é mais baixo e tem um tantinho a menos de vão livre do solo. Não é exagero dizer que o City Hatchback é um Fit alongado e rebaixado (não pelo design, mas pela proposta).

Esta afirmação não desmerece o carro. Mas também não sinaliza um hatch empolgante. A Honda tinha o compromisso de não deixar os donos de Fit totalmente órfãos. Não foi muito difícil, pois o Fit era um monovolume compacto que muitos confundiam com um hatchback. Sua proposta não era a esportividade – característica que podemos identificar em hatches como o Volkswagen Polo e o Fiat Argo. Pelo contrário. O Fit fez sucesso por sua versatilidade. O City Hatchback seguiu o mesmo caminho, porém com franca vantagem em relação ao modelo que saiu de linha.

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Começamos pelo design. Por ser mais baixo e mais largo, o City Hatchback tem mais presença nas ruas. Chama atenção por onde passa (pelo menos enquanto é uma novidade). As laterais dos faróis e das lanternas são alongadas para se conectar com o vinco que fica um pouco abaixo da linha de cintura do carro. Mas não é só boniteza. Tem o aspecto prático também. O City Hatchback tem o centro de gravidade mais baixo do que o do Fit, por isso tende a ser mais estável nas curvas.

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O entre-eixos mais longo, entretanto, poderia tirar um pouco da destreza em curvas mais fechadas. Mas, de novo, não estamos falando de um carro esportivo e sim de um carro prático. Como seu desempenho é relativamente limitado pela potência do motor 1.5 aspirado (126 cavalos), o City Hatchback se saiu bem tanto nas ruas como na estrada. Em velocidades acima de 140 km/h, porém, pneus mais largos do que os 185/55 R16 ajudariam a deixar o carro mais firme. Normal.

O motor também melhorou. Com partes em alumínio, injeção direta e duplo comando de válvulas, a Honda deixou seu motor 1.5 de 4 cilindros mais potente (10 cv com etanol e 11 cv com gasolina) e mais econômico. O torque subiu um pouco e agora é de 155 Nm. Junto com o motor vieram aprimoramentos no câmbio CVT de 7 marchas. Ele tem modos Eco e Sport (acionados em locais diferentes) e respostas mais rápidas, além de aletas para trocas de marchas manuais no volante de direção.

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O modo Eco é acionado por um botão no console central e deixa o carro no modo mais econômico, com algum prejuízo no desempenho. A diferença não nos pareceu muito perceptível para o modo Drive normal. No modo Sport, entretanto, o carro se transforma, pois há uma forte redução de marcha e aumento significativo no regime de rotações do motor. Rodando em Drive, o motor do City Hatchback trabalha entre 1.800 e 2.200 rpm na velocidade de 100 a 120 km/h. Se o motorista dirigir de forma suave (e econômica), já na 4ª marcha o câmbio CVT pode operar no regime de overdrive (com foco na economia e não no desempenho), mas é na 6ª e na 7ª que o Overdrive é mais claro.

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Basta puxar a alavanca de câmbio para trás (ao mesmo tempo apertando o botão de destrave) para que o conta-giros pule de 2.000 para 3.500 rpm e o ronco do motor invada a cabine. É possível controlar os impulsos do City Hatchback no modo Sport pelo pedal do acelerador ou pela borboleta do câmbio. No pé, o motor trabalha sempre em regimes elevados e o consumo vai subir. Uma vez acionada a borboleta, entretanto, o carro vai entender que você quer ter o controle total e vai fixar a marcha até a próxima troca manual.

Em nenhum dos casos o City Hatchback é um carro empolgante para guiar. Mas é agradável. E essa sensação vem de alguns aspectos muito bem trabalhados pela Honda. Começa pela posição de dirigir, que é ótima e ainda oferece ajustes de altura e de profundidade do volante. Passa pelos novos bancos, que são muito mais ergonômicos do que os dos antigos City e Fit. E termina no volante de direção, que é primoroso, com excelente empunhadura.

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Ficamos com a sensação de que o City Hatchback (assim como o New City sedã) tem carroceria, estrutura e ergonomia para proporcionar maiores emoções, se um dia a Honda decidir equipá-lo com um motor mais potente, adicionar freios a disco na traseira, endurecer a suspensão e adotar pneus maiores e mais largos. É um carro que permite sonhos de consumo que vão além do pacato modelo familiar que se vê nas concessionárias.

Ainda como um mimo aos fãs do aposentado Fit, o City Hatchback traz o sistema Magic Seat nos bancos. Com uma combinação de quatro configurações que nenhum outro hatch oferece (Utility, Tall, Longo e Refresh), ele pode se transformar numa cama ou abrigar uma prancha de surf. Além disso, com o banco traseiro rebatido, sua capacidade de volume sobe para 1.168 litros (o que é mais do que os 1.045 do Fit).

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

É também uma forma de compensar o porta-malas pequeno, de apenas 268 litros, que é quase 100 litros a menos do que os 363 oferecidos pelo Fit (que era um carro menor). De qualquer forma, a Honda lembra que sua medição de porta-malas é mais próxima do real, feita com cubos, que não cobrem todas as reentrâncias do bagageiro, enquanto há montadoras que divulgam a capacidade do porta-malas como se ele estivesse cheio de água, ou seja, ocupando todos os minúsculos espaços. Os dois modos de medição têm seus méritos.

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Em comparação com o antigo Fit, o Honda City Hatchback ganhou 7 cm na distância entre-eixos e 5,4 cm na largura. Por dentro, o carro oferece 6 cm a mais na região dos ombros. As rodas têm bom diâmetro (16”), mas visualmente, no City Hatchback, passam a impressão de serem menores.

Mecanicamente, o City Hatchback é igual ao novo City sedã. A potência máxima (126 cv com gasolina ou etanol) só é atingida a 6.200 rpm (200 a mais do que no Fit). O torque máximo (155 Nm com etanol e 152 com gasolina) surge um pouco antes, a 4.600 rpm (200 a menos do que no Fit), mas é aí que se nota a falta que faz o turbocompressor. Afinal, a 4.600 giros o motor já está berrando em altos níveis e tirou todo o conforto acústico da cabine.

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Com o novo motor de alumínio, o Honda City Hatchback faz 13,3 km/l de gasolina na cidade e 14,8 na estrada. Quando abastecido com etanol, o City Hatchback faz 9,1 km/l na cidade e 10,5 na estrada. Com o motor de 4 cilindros, aspirado, a Honda oferece um carro praticamente sem vibrações, o que seria mais difícil conseguir num motor 1.0 turbo de 3 cilindros.

Em termos de segurança, o carro é bem equipado, com seis airbags de série e o sistema Honda Sensing: controle de cruzeiro adaptativo (piloto automático), sistema de frenagem para mitigação de colisão, sistema de permanência de faixa e ajuste automático do farol alto e baixo. A suspensão traseira é por eixo de torção. 

Honda City Hatchback 1.5 Touring
Honda City Hatchback 1.5 Touring
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Apesar de a conectividade Android e Apple ser feita com cabo, o sistema rapidamente espelha o celular na tela de 8”. A multimídia é bastante intuitiva. Há também carregamento de celular por indução, o que obrigou a Honda e melhorar os porta-objetos do console central. Apesar de o carro ter duas entradas USB na parte dianteira, sentimos falta de uma porta para conexão na parte de trás. O quadro de instrumentos é analógico e tem excelente design.

O Honda City Hatchback é vendido em apenas duas versões: EXL por R$ 114.200 e Touring por R$ 122.600. A garantia do novo City é de três anos, sem limite de quilometragem. Segundo a Honda, se o mercado mostrar necessidade de novas versões, o City Hatchback pode ampliar a gama (para cima ou para baixo).

Os números

Motor: 1.5 flex

Potência máxima: 126 cv a 6.200 rpm (g/e)

Torque máximo: 155 Nm a 4.600 rpm (e)

Câmbio: 7 marchas CVT

Comprimento: 4,341 m

Largura:  1,748 m

Altura: 1,498 m

Entre-eixos: 2,600 m

Vão livre: 144 mm

Peso: 1.170 kg

Carga útil: 435 kg

Pneus: 185/55 R16 R16

Porta-malas: 268 litros

Tanque: 39 litros

0-100 km/h: 10s8

Velocidade máxima: 175 km/h

Consumo cidade: 13,3 km/l (g)

Consumo estrada: 14,5 km/l (g)

Emissão de CO2: n/d

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