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Gol sai de linha este ano. E talvez não exista um novo Gol

Opinião: se a Volkswagen vai mesmo fazer uma série de despedida para o Gol, parece claro que não haverá um novo Gol

26 mar 2022 - 10h28
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Volkswagen Gol: série de despedida é sinal de que o nome vai ser aposentado.
Volkswagen Gol: série de despedida é sinal de que o nome vai ser aposentado.
Foto:

Há tempos tenho sido uma voz dissonante no mercado sobre o substituto do Gol. Aceito as teorias de que poderá haver um novo Gol, mas continuo acreditando que o campeão de vendas da Volkswagen vai ter mesmo uma "morte morrida”, ou seja, sem retorno. E vou explicar mais uma vez o porquê.

Esta semana o jornalista Marlos Ney Vidal, do site Autos Segredos, revelou que a Volkswagen fará uma edição de despedida do Gol ainda este ano. Serão 1.000 unidades para celebrar o adeus do carro nacional mais vendido de todos os tempos, quase 7 milhões de unidades desde seu lançamento, em 1980.

Que haverá um substituto para o Gol, isso já foi dito por um dos chefões da Volkswagen na Alemanha, Herbert Diess, numa conversa com Pablo Di Si que “vazou” no Linkedin. As palavras usadas por Diess não  foram “novo Gol” e sim “substituto do Gol”. Parecia um sinal de que o nome Gol estava datado, ou seja, já cumpriu sua parte na história e agora não é mais associado a coisas modernas e sim a coisas do passado.

Ora, se o substituto do Gol vai ser um carro para conquistar novas gerações, que estão se afastando dos automóveis, por que insistir num nome que, nos últimos 20 anos, só representou atraso? O Gol atual é um projeto de 2008 e mesmo assim já estava atrasado em relação a alguns carros do mercado.

Em 2021, o Volkswagen Gol vendeu apenas 6 mil unidades e ocupa um pífio 20º lugar no ranking de vendas. É muito mais fácil, em termos de marketing, criar um novo nome, mais conectado com os costumes do século XXI, do que gastar uma fortuna para convencer as pessoas de que o Gol – um nome dos anos 80, quando o Brasil era o máximo em futebol – é uma marca que pode ser associada a conectividade, ecologia, segurança, rapidez, inovação etc.

Pequeno SUV para o lugar do Gol: seria estranho chamar esse carro de Gol.
Pequeno SUV para o lugar do Gol: seria estranho chamar esse carro de Gol.
Foto: Kleber Silva / KDesign

Não, não, não! Mil vezes, não! Deixem o Gol morrer em paz, como eu já escrevi em outras ocasiões. Transformar o Gol em SUV, como insistem muitas pessoas, será um erro estrondoso. Ou, melhor dizendo: seria um erro estrondoso, pois estou convencido de que a Volkswagen desistiu de ir por esse caminho. Se é que alguma vez o tenha cogitado. Claro que não temos informações suficientes para cravar que o nome Gol será abandonado, mas a lógica dos fatos e das tendências indica que sim.

Nos últimos anos, o Volkswagen Gol talvez tenha sido o carro sobre o qual mais escrevi, por causa de sua importância histórica. Aliás, considerando a baixa renda do brasileiro, em certa ocasião defendi a permanência do Gol exatamente como está, porém bem mais barato, no texto Volkswagen Gol e seu implacável destino: ser uma nova Kombi.

“Por que todos os carros precisam mudar sempre? Por que o Gol não pode construir uma história ainda mais bonita, como a da Kombi, que tantos lucros deixou na Volkswagen? Não seria uma má ideia para a Volkswagen deixar o Gol quietinho por enquanto, fazer mais um ou dois facelifts, quiçá uns quatro ou cinco, e atravessar anos como uma opção mais barata, já que todos os outros carros ficarão cada vez mais caros.” (8 abr. 2020)

Voltei ao tema quando a Volks decidiu acabar com o Fox neste texto: Análise: Volkswagen Gol terá o mesmo destino do Fox? “A expectativa é grande sobre o futuro do Gol. Não está descartada a hipótese de a Volkswagen simplesmente aposentar o nome, mas desta vez (esperamos) com todas as honras que o Gol merece.” (9 out. 2021)

O Gol voltou a ser tema de uma análise no mês seguinte, quando toda a mídia já tinha “comprado” a ideia de que o haverá, sim, um novo Gol, e que ele será, sim, um pequeno SUV. No texto Transformar o Volkswagen Gol em SUV é mesmo uma boa ideia? nós questionamos a estratégia de usar o nome do hatchback dos anos 1980 num utilitário esportivo dos anos 2020.

“Herbert Diess, um dos chefões da Volks na Alemanha, já disse que o Gol é admirado até mesmo em Wolfsburg, mas que terá um substituto. Bem, se terá um substituto, parece claro que ele sairá de cena, certo? Parece óbvio que o substituto será o Polo Track. O nome é um pouco decepcionante, convenhamos, mas acreditamos que seja porque houve uma decisão interna de não macular o nome Gol. Na visão da Volks, o nome Gol seria valioso demais para ser usado num Polo inferior. Ou, pior: desgastado demais (hoje 74% de seu mercado se concentra nas vendas diretas).” (16 nov. 2021)

Muitos defendem o correto seria deixar o Gol morrer em paz, como o Fusca, como a Kombi. Procurar outro nome. Afinal, Gol é a palavra mais popular do nosso país. Para usá-la de forma diferente do que um dia foi popular, é preciso muito cuidado. (idem)

Será que o nome Gol, aplicado num SUV mais caro do que o veículo de entrada da marca, será uma boa estratégia? Gol é povão. E o povão, como sabemos, está cada vez mais afastado dos carros zero km. (ibidem)

Repito neste texto o mesmo final que publiquei em 2021, agora com o reforço da notícia trazida pelo colega Marlos Ney Vidal, que confirma a teoria.

O novo paradigma da Volkswagen é liderar a tecnologia do mundo conectado e eletrificado. O que seria melhor para a marca? Reinventar o Gol, mostrando ao público uma espécie de Kwid da Volks, porém um pouco maior e com mais tecnologias, e vender a ideia de que o que era velho agora é o novo? Ou anunciar uma aposentadoria gloriosa, como a primeira do Fusca? Como disse a própria Volkswagen, muitas vezes uma empresa deve ser celebrada por parar a produção de um produto que se tornou obsoleto.

Volkswagen prepara anúncio de investimento no novo Gol:
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