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Casal descobre na recepção que reservas da lua de mel foram canceladas pela 123Milhas: 'Ficamos no olho da rua'

Eles tiveram que desembolsar mais R$ 5 mil para terem onde dormir e ficaram 13 horas vagando com as malas

4 out 2023 - 05h00
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Casal teve lua de mel dois anos após o casamento e, com o prejuízo dos cancelamentos da 123Milhas, não tem previsão para viajar novamente
Casal teve lua de mel dois anos após o casamento e, com o prejuízo dos cancelamentos da 123Milhas, não tem previsão para viajar novamente
Foto: Arquivo Pessoal/Thays Almendra

O casamento foi adiado por conta da pandemia de covid-19. Já casados, a lua de mel também ficou para depois devido à rotina que o casal leva, ambos trabalhadores autônomos. Até que, enfim, conseguiram se planejar para realizar o sonho de conhecer a Europa juntos em setembro, dois anos depois do casório. Mas, ao chegarem ao hotel, descobriram que suas reservas tinham sido canceladas repentinamente pela 123Milhas, que passa por crise.

Essa é a história de Thays Almendra e Fernando Borini, de 36 e 37 anos, respectivamente. Eles gastaram R$ 3,3 mil com a reserva de dois hotéis - um para duas diárias em Lisboa, o primeiro destino da viagem, e outro para três dias em Madrid. Com os cancelamentos sem avisos, em cima da hora, tiveram que desembolsar mais R$ 5 mil para terem onde dormir na lua de mel.

Leia também: 123milhas e Hurb: o que levou ao cancelamento dos pacotes de viagens flexíveis

Ao Terra, Thays desabafou sobre as expectativas frustradas em torno da viagem, que também valeu como a primeira férias que tirou desde 2014. “Quando eu cheguei em Lisboa, os funcionários do hotel começaram a procurar a minha reserva e eles não achavam. De repente, acharam um e-mail de cancelamento da empresa. E aí, eu comecei a ficar desesperada e ficamos no olho da rua”, conta.

As reservas foram feitas em abril, quando ainda não tinha sido revelado o escândalo em torno da agência de viagem. A questão veio à tona poucas semanas antes da viagem do casal, que pegou o voo em 1º de setembro, mas mesmo assim embarcaram tranquilos, como conta Thays, pois confirmaram as reservas junto aos próprios hotéis antes de saírem do País.

Só não esperavam que a empresa cancelasse os hotéis dois dias antes do check-in programado - como consta em documento obtido pela reportagem. Até então, a empresa estava sendo alvo por suspender pacotes com datas flexíveis e a emissão de passagens de sua linha promocional, mas não apenas diárias de hotéis.

Ao descobrirem, a primeira reação foi ligar para a 123Milhas de Portugal. “Foi só desdém. Eles falaram para eu entrar em contato com a empresa para pedir reembolso e disseram: ‘olha, infelizmente, eu não sei se a senhora sabe, entramos com recuperação judicial, então, não tenho muito que fazer’”, relembra, afirmando ter ouvido risadas ao fundo da chamada.

Aguardando uma vaga em outro hotel de Lisboa, aproveitaram para passear pela cidade e andaram pelas estações com as malas
Aguardando uma vaga em outro hotel de Lisboa, aproveitaram para passear pela cidade e andaram pelas estações com as malas
Foto: Arquivo Pessoal/Thays Almendra

O casal também pediu para amigos que estavam no Brasil ligarem para a empresa e, daqui, afirmavam que as reservas estavam mantidas. Já quando Thays pediu para um amigo que estava Madrid também ligar para a empresa, descobriram que a reserva do hotel agendado para a cidade também estava cancelada. 

Foram cerca de 13 horas para conseguirem um novo hotel. Nesse tempo, andaram de um lado para o outro com as malas e tudo, aproveitando para conhecer a região. “Não tinha o que fazer, tínhamos que curtir o momento”, brinca Thays.

Não foi a primeira reserva

Por conta de sua rotina de trabalho, Thays viaja bastante. Nessas idas e vindas, diz ter comprado cerca de 10 passagens com a 123Milhas. “Porque às vezes a gente precisa do dia para a noite de passagens que não tem nas companhias aéreas. E quando você entrava na 123Milhas, tinha. E nunca deu problema. Sempre funcionou”, frisa.

Quando o assunto são reservas de viagens fechadas, entretanto, Thays nunca tinha usado os serviços da empresa porque não tem o costume de comprar pacotes prontos, preferindo construir sua viagem aos poucos da forma que mais a agrada, se aprofundando nos detalhes. Ainda assim, acabou fechando a viagem de lua de mel com a 123Milhas por a agência ser a única que estava disponibilizando os hotéis que ela queria nos dois destinos. “Nunca imaginaria passar por isso porque eu pesquiso muito, mas ninguém está livre de uma situação como essa.”

‘Muito triste’

Apesar dos imprevistos, a viagem do casal prosseguiu. Eles passaram por Lisboa, Porto, Madrid, Barcelona, Paris e retornaram à Lisboa até voltarem ao Brasil no dia 15 de setembro. Agora, semanas depois, começaram a se organizar para contabilizar tudo que foi gasto, reunir os documentos e entrar com um processo contra a 123Milhas. 

“Sabemos que é muito difícil recuperar esse dinheiro e é desesperador pensar quantas pessoas foram prejudicadas por toda essa situação. O que me deixa mais triste é saber que eu, ainda com privilégios, pude pagar por essa viagem, mas imagina quem reuniu todas suas economias durante anos para viajar e comprou [o pacote] pela empresa por talvez estar mais em conta?”, reflete. 

Eles iam se casar em 2020, mas tiveram que adiar para 2021. Por conta do momento de pandemia, a cerimônia contou apenas com 10 pessoas.
Eles iam se casar em 2020, mas tiveram que adiar para 2021. Por conta do momento de pandemia, a cerimônia contou apenas com 10 pessoas.
Foto: Arquivo Pessoal/Thays Almendra

Para quem passou por uma situação similar à de Thays, o Procon orienta que os consumidores que ainda estiverem pagando por um pacote ou passagem não interrompam os pagamentos, mesmo diante da suspensão da oferta. Isso porque cumprir o contrato é uma medida importante caso a questão seja judicializada. 

Consumidores que não queiram abrir um processo judicial contra a empresa podem aceitar o voucher oferecido pela a agência como opção de reembolso ou, então, entrarem com uma reclamação contra a 123Milhas no Procon. 

Em nota ao Terra, a empresa reforça que não realizou nenhum cancelamento de pacotes da linha Promo123 já emitidos e que cancelamentos unilaterais realizados por fornecedores ferem os contratos vigentes e eles estão sendo notificados extrajudicialmente. Nada foi comentado sobre reservas de hotéis canceladas dias antes.

“Desde que entrou com um pedido de Recuperação Judicial no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no dia 29 de agosto, a 123Milhas tem trabalhado para atender as demandas de seus clientes. A Recuperação Judicial permite concentrar em um só juízo todos os valores devidos, viabilizando, desta forma, uma solução mais rápida com todos os credores para, progressivamente, reequilibrar a situação financeira da companhia”, complementou.

Caso 123 Milhas

Nas redes sociais, internautas relatam terem passado por situações similares às de Thays, com reservas de hotéis canceladas dias antes e sem avisos
Nas redes sociais, internautas relatam terem passado por situações similares às de Thays, com reservas de hotéis canceladas dias antes e sem avisos
Foto: Juca Varella/Agência Brasil / Estadão
  • 18 de agosto

A 123Milhas anunciou a suspensão de pacotes com datas flexíveis e a emissão de passagens de sua linha promocional com embarques previstos entre setembro e dezembro deste ano motivada por “fatores econômicos e de mercado”. A empresa afirmou que iria devolver integralmente os valores, com correção monetária acima da inflação, por meio de vouchers. Passagens já emitidas que possuem localizador ou e-ticket estariam mantidas.

  • 21 de agosto

O Ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou uma série de sanções contra a 123Milhas, como a suspensão do cadastro nacional de empresas do setor. Já o ministro da Justiça, Flávio Dino, orientou que os consumidores lesados pela empresa entrem com ações na Justiça. 

  • 22 de agosto

O Ministério Público Federal (MPF) notificou o presidente da companhia, Ramiro Júlio Soares Madureira, para que a 123Milhas disponibilize a opção de ressarcimento em dinheiro aos consumidores afetados pelas medidas.

  • 23 de agosto

A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de cerca de R$ 44 mil da 123Milhas. O valor será usado para reembolsar um cliente que havia comprado cinco passagens para o dia 10 de setembro. Além disso, a Promotoria de Justiça do Consumidor do Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito civil para investigar a agência por 'dificultar o reembolso de viagens canceladas’.

  • 28 de agosto

Em meio à crise, a empresa fez demissões em massa nos setores de recompra, promoção e emissão. Ao Terra, a companhia afirmou ter iniciado um plano de reestruturação interna para adequar o tamanho da equipe ao novo contexto da empresa no mercado. 

Conheça os negócios bilionários dos donos da 123Milhas Conheça os negócios bilionários dos donos da 123Milhas

  • 29 de agosto

A 123Milhas entrou com um pedido de recuperação judicial junto à 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Segundo a empresa, a medida ajudará a recuperar o reequilíbrio financeiro da agência.

  • 30 de agosto

A CPI das Pirâmides Financeiras da Câmara dos Deputados pediu a condução coercitiva dos sócios da 123Milhas para prestarem esclarecimentos à comissão. A CPI pediu para que eles fossem impedidos de sair do Brasil.

  • 31 de agosto

A juíza Claudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, autorizou o processamento da recuperação judicial da 123Milhas e deu 60 dias para a empresa apresentar o plano à Justiça.

  • 1 de setembro

A 3ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte decidiu pela proibição da saída dos irmãos Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira, donos da 123Milhas, do Brasil.

  • 20 de setembro

Justiça de Minas Gerais suspendeu o processo de recuperação judicial da 123Milhas após recurso do Banco Central.

Ao Terra, a empresa explica que o deferimento do pedido de Recuperação Judicial e todos os seus efeitos seguem vigentes, pois a decisão apenas suspendeu a tramitação do processo da Recuperação Judicial, em primeira instância, até que seja concluída perícia designada pelo desembargador.

Fonte: Redação Terra
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