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Casal gasta R$ 700 para transformar carro em casa e viaja por 4 países em 30 dias

Saiba como Ygor e Bea, os ‘nerds na estrada’, se organizam financeiramente para bancar a vida sobre rodas pelo mundo

21 fev 2024 - 05h00
(atualizado às 08h24)
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Foto: Arquivo Pessoal

Com seus 20 anos de idade e apenas um salário de menos de R$ 2 mil de um estágio remoto, eles decidiram fazer as malas e passar um ano viajando pela América do Sul, de hostel em hostel. Mas, com a pandemia, ficaram presos na Argentina e, em oito meses, voltaram ao Brasil. Depois disso, a vida dos ‘namoridos’ Ygor e Bea, do Rio de Janeiro, nunca mais foi a mesma. Impulsionados pela alma de viajante, voltaram para a estrada para concluir o sonho que precisou ser adiado. Mas, dessa vez, fizeram tudo de carro - e ainda gastando pouco. Ao Terra, eles contaram como isso foi possível.

O casal, agora com 23 e 25 anos, aproveitou as férias acumuladas que estavam para tirar e, na virada do ano, passaram 30 dias viajando por 4 países tendo um Ford Ka Sedan de motor 1.0 como casa. Para transformar o carro em ‘motorhome’, gastaram R$ 700 reais.

Foi Ygor, que está se formando em engenheiro, que fez todo o projeto da casa sobre rodas. Eles deram um jeito de converter a bateria do carro em energia. Com uma espuma fazendo a vez de colchão, os bancos deitados se transformam em camas. Caixas de plástico viraram guarda-roupa. Recortes de papelão fizeram a vez de cortinas e assim por diante.

Antes de pegarem a estrada pra valer, fizeram alguns testes - como dormir no carro ao visitar parentes que moram em lugares mais distantes. “Isso foi importante para entendermos nossos limites”, contaram. E, então, partiram.

Toda a jornada foi compartilhada no perfil de Instagram do casal, que conta com 34,6 mil seguidores. Quando anunciaram o desafio de 30 dias no ‘motorhome mais barato do Brasil’ -- como chamam o automóvel --, muitos internautas comentaram que o carro não aguentaria o tranco. Mas, pela experiência do casal, foi justamente o modelo econômico do veículo que viabilizou a viagem.

“A gente vive muito nesse 8 ou 80. Temos uma carreira. Uma vida super tradicional, como a maior parte das pessoas tem. Pagamos aluguel de apartamento, temos nosso carro, nosso trabalho. Mas essa viagem foi uma oportunidade de sair dessa bolha, conhecer um pouco o mundo e viver outras experiências sem precisar abrir mão de tudo”, contou Beatriz, ao Terra.

Quanto gastaram?

Para o roteiro tão sonhado pela América do Sul, planejaram gastar R$ 3 mil com combustível, além de R$ 2 mil para alimentação e passeios. Na prática, gastaram cerca de R$ 1 mil a mais do que planejaram previamente - pois também estenderam o roteiro. Agora, com os dois trabalhando CLT e também tendo trabalhos paralelos, o casal tem uma renda de em torno de R$ 12 mil.

Se não fosse o carro adaptado, não conseguiriam ter vivido essa experiência. Isso porque, como explicaram, ter um motorhome mais estruturado requer um investimento muito alto que ainda não conseguem bancar. O casal chegou a orçar uma van em uma fábrica de automóveis, que estava sendo vendida por R$ 300 mil - um financiamento de R$ 6 mil por mês, além do carro do casal de entrada.

Eles pegaram paixão pela vida na estrada e pretendem se mudar para um motorhome definitivo
Eles pegaram paixão pela vida na estrada e pretendem se mudar para um motorhome definitivo
Foto: Arquivo Pessoal

Próximos passos (e economias)

Assim como fizeram testes para saber se conseguiriam ficar um mês vivendo no carro, a viagem em si também foi um teste para comprovar aos dois que o lugar deles é na estrada. O próximo passo, agora, é juntar dinheiro para construir um motorhome que os permita, realmente, viver na estrada. 

Por conta dos valores de uma van nova, o casal está planejando investir em um foodtruck vazio - para aproveitarem apenas a estrutura externa. Eles contaram ter encontrado veículos neste estado à venda por em torno de R$ 4 mil. O plano é pagar até R$ 8 mil em um confortável.

Depois, pretendem gastar de R$ 10 mil a R$ 15 mil para a montagem - incluindo mobília, parte elétrica e afins. Ainda terão os custos de homologar o veículo como trailer e de demais documentações que transformam o veículo em casa. Se contratassem alguém para fazer a montagem, pagariam cerca de R$ 150 mil. Mas dessa vez também é Ygor que está tocando o projeto, que já conta até com uma planta em 3D e um projeto elétrico pré-definido.

Em paralelo, vão trocar o Ford Ka por um carro mais potente, para puxar a ‘casa’. Como ainda pagam aluguel, estão tocando um ‘plano de ação’ para investirem o dinheiro de forma consciente, na ‘ordem certa’, e não passarem por apertos.

Com o motorhome pronto, querem terminar o caminho da América do Sul e seguir até o Alasca como uma primeira etapa. Depois querem viajar para a Europa, África e Ásia. Serem moradores do mundo, seguindo em seus trabalhos remotos. “A gente nunca trabalhou presencial. O home office é algo que a gente não abre mão”, contaram.

Casal no primeiro mochilão, em 2021. Antes irem para o exterior, 'zeraram' os destinos no Rio de Janeiro, onde moram
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Foto: Arquivo pessoal

Bea, a mais nova de sua família, foi a primeira a se formar no ensino superior e a primeira pessoa a ir para outro país. Ygor, que também vem de família humilde, diz também ser o único com a ambição de conhecer o mundo. E nessa busca pelo paradigma da liberdade e pela vontade de conhecer coisas novas, chegaram a encontrar resistência no início, mas agora recebem apoio dos que os amam.

“A gente sente muita diferença, as pessoas não tem uma mentalidade parecida com a nossa. Mas, ao mesmo tempo, respeitam e apoiam a gente. Isso é muito importante, você ter pessoas ao seu redor que valorizam os seus sonhos e que te apoiam, apesar de não almejarem a mesma coisa”, explica Bea.

Fonte: Redação Terra
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