Cemig aprova contratações no mercado para até 40% de cargos de liderança
A estatal mineira de energia Cemig informou a funcionários que seu conselho de administração aprovou a possibilidade de contratação de profissionais de mercado para posições de liderança até então restritas a pessoas com carreira na empresa.
De acordo com um comunicado interno da elétrica, visto pela Reuters nesta quarta-feira, a empresa poderá realizar tais contratações "em caráter complementar" e "até o limite de 40% das posições de liderança".
"Essa possibilidade, já adotada em outras empresas de economia mista, não compromete a oportunidade de carreira para as 'pratas da casa', que serão sempre consideradas antes de se optar por uma contratação externa", afirmou a empresa no material.
Procurada, a Cemig confirmou a informação e disse que a medida é válida para cargos de superintendência e gerência.
"O conselho de administração da Cemig aprovou, em outubro passado, a alteração de uma regra interna, para permitir a contratação de profissionais de mercado em até 40% nos cargos de liderança, o que é permitido por lei", disse, em nota.
O comunicado interno da empresa sobre a mudança veio após a Reuters ter publicado na véspera que a elétrica afastou na semana passada cerca de 15 profissionais incluindo superintendentes e gestores.
A companhia disse posteriormente que cinco desses executivos foram afastados devido a uma denúncia junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que solicitou informações à empresa sobre um inquérito que corre em sigilo. A empresa não deu detalhes sobre o que é investigado.
A decisão da Cemig de permitir profissionais de mercado em cargos de chefia foi criticada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindeletro-MG), que disse repudiar a contratação de não concursados e acrescentou que seu departamento jurídico analisa o caso para eventuais providências.
"Esses cargos, até então, foram ocupados somente por trabalhadores de carreira na Cemig", afirmou o Sindeletro-MG em nota. O sindicato disse que também buscou apoio político na Assembleia Legislativa estadual contra a iniciativa da empresa.
INVESTIGAÇÕES
No comunicado interno visto pela Reuters, a Cemig disse que a requisição de informações do MPMG envolveria "supostas irregularidades nos processos de licitação e contratação de responsabilidade da área de Suprimentos".
"Diante da gravidade da denúncia, a diretoria executiva determinou a instauração de um processo administrativo disciplinar para apuração da veracidade dos fatos e o afastamento preventivo do corpo gerencial da área de Suprimentos e Logística, sem imputar aos profissionais afastados qualquer responsabilidade até que todos fatos sejam apurados", afirmou.
A empresa disse no documento que o movimento de retirar os profissionais do cargo visa "garantir imparcialidade e isenção" nas investigações.
Questionada sobre a denúncia, a Cemig disse à Reuters que vai cooperar com o MPMG e realizar apurações próprias, mas não entrou em detalhes, acrescentando que o inquérito é sigiloso.